Um estudo colaborativo conduzido por cientistas da China e do Reino Unido revelou que pelo menos 60% da diversidade genética encontrada em uma coleção histórica de trigo não é utilizada, o que oferece uma oportunidade sem precedentes de aprimorar o trigo moderno e alcançar a segurança alimentar.
O estudo, conduzido em conjunto por uma equipe de pesquisa do Instituto de Genômica Agrícola de Shenzhen, filial da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas e do Centro John Innes, no Reino Unido, além de outras organizações de pesquisa, foi publicado na última edição da revista acadêmica Nature.
O trigo é uma das culturas alimentares mais importantes do mundo para os seres humanos. Diante de uma série de desafios, como o crescimento contínuo da população global, as complexas mudanças climáticas e a desaceleração gradual do cultivo de novas variedades de trigo, é de urgente necessidade que os cientistas encontrem métodos eficientes e precisos para o melhoramento do trigo, a fim de cultivar novas variedades de alto rendimento e alta qualidade, indicou Cheng Shifeng, o cientista líder chinês do estudo.
A equipe de Cheng introduziu do Reino Unido uma coleção histórica de trigo colhida nas décadas de 1920 e 1930 em 32 países, que não é mais cultivada em nenhum lugar do mundo. Foram realizados experimentos em toda a China, juntamente com uma análise comparativa do trigo antigo com as variedades modernas.
Usando tecnologias de ponta, como genômica, genética, bioinformática e biologia molecular, os cientistas criaram um mapa de variação genômica do trigo e revelaram que as variedades modernas de trigo perderam mais de 60% de sua diversidade genética devido à seleção artificial de longo prazo.
"Os 60% que faltam, descobertos neste estudo, estão repletos de genes benéficos que precisamos para alimentar as pessoas de forma sustentável", afirmou Simon Griffiths, líder do grupo do Centro John Innes.
"Podemos rastrear um enorme conjunto de diversidades novas, funcionais e benéficas que foram perdidas nas variedades modernas de trigo e agora temos a oportunidade de adicioná-las novamente nos programas de reprodução", expressou Cheng.
Além disso, a equipe de pesquisa descobriu novos genes e milhares de locais de variação genética no trigo para obter alto rendimento, alto teor de cálcio, resistência ao acamamento, uso eficiente de nitrogênio, resistência à explosão e doenças de manchas foliares. Desenvolveram recursos genômicos e genéticos e novas ferramentas úteis para a pesquisa e a recriação do trigo.
"Esse estudo tem um enorme potencial para o futuro aprimoramento genético do trigo e pode ser usado para cultivar novas variedades de trigo com alto rendimento e qualidade, resistência ao estresse e adaptabilidade às mudanças climáticas", afirmou Li Jiayang, acadêmico da Academia Chinesa de Ciências (ACC).
Qian Qian, outro acadêmico da ACC, comentou que a descoberta surpreendente oferece inspiração e orientação significativas para a criação de trigo, além de fornecer informações genéticas valiosas para o uso inovador de recursos de germoplasma.
"Esse estudo abriu infinitas possibilidades para a utilização de recursos antigos de germoplasma para melhorar a criação moderna de trigo. Ele tem um significado marcante para a criação de trigo na China e até mesmo no mundo", manifestou Chu Chengcai, professor da Universidade Agrícola do Sul da China.