Ao ameaçar tarifas adicionais e discriminar os produtos chineses de tecnologia limpa, o protecionismo ocidental está trazendo o caos para a estabilidade do setor de nova energia, essencial para a transição verde do mundo e para a realização das metas climáticas.
Em uma entrevista de coletiva sobre o desenvolvimento e as políticas do setor de nova energia da China, realizada em Beijing na quarta-feira, funcionários do governo chinês expressaram preocupações com o "protecionismo puro" do Ocidente no setor de nova energia, dizendo que isso traz mais males do que benefícios.
As práticas injustas do Ocidente que visam aos produtos chineses de tecnologia limpa, incluindo os veículos elétricos, são um exemplo de padrões duplos, observou Ding Weishun, vice-diretor do departamento de pesquisa de políticas do Ministério do Comércio da China.
Os Estados Unidos e a Europa não podem pedir à China que compartilhe a grande responsabilidade de lidar com as mudanças climáticas, ao mesmo tempo, obstruir o livre comércio dos produtos verdes da China, destacou Ding. "Acreditamos que esses atos contraditórios são um exemplo típico de padrões duplos e, finalmente, prejudicarão o desenvolvimento verde e de baixo carbono global e a realização das metas climáticas."
No último acontecimento, a Comissão Europeia divulgou previamente na quarta-feira os níveis de impostos compensatórios provisórios que pretende impor às importações de veículos elétricos movidos a bateria da China.
Criticando o direcionamento da União Europeia (UE) aos veículos elétricos chineses como injusto, o Ministério do Comércio da China apontou que a medida corre o risco de criar e escalar os atritos comerciais entre a China e a UE, e prejudica a concorrência leal.
"Essa medida da UE não só danificará os direitos e interesses legítimos do setor de veículos elétricos da China, mas também perturbará e distorcerá as cadeias industriais e de suprimentos do setor automotivo global, incluindo as da UE", de acordo com uma declaração do Ministério do Comércio.
O anúncio da UE foi feito após a decisão dos EUA no mês passado de aumentar tarifas adicionais sobre as importações de produtos chineses, incluindo os veículos elétricos, baterias de íon-lítio, células solares, minerais essenciais, semicondutores, guindastes, aço e alumínio.
CHINA PEDE CONCORRÊNCIA LEAL
Guo Shougang, funcionário do Ministério da Indústria e Informatização, disse durante a entrevista de coletiva que a China contribuiu com tecnologia limpa e experiência valiosa para o mundo e que o mercado chinês de veículos elétricos é altamente aberto e caracterizado pela concorrência leal.
Por exemplo, mais da metade dos carros da Tesla são produzidos na China e cerca de um terço de seus carros são vendidos no mercado chinês. Isso ilustra um setor de veículos de nova energia altamente aberto na China, onde todas as partes se beneficiam, declarou Guo, acrescentando que as empresas automotivas multinacionais também se opõem à politização do comércio de veículos elétricos.
"Grandes multinacionais estabeleceram fábricas na China para produção e abraçaram a concorrência e, durante esse processo, obtiveram lucros enquanto melhoraram sua competitividade", informou Guo.
O bloqueio do Ocidente aos produtos verdes chineses viola as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e prejudica os interesses dos consumidores em todo o mundo, acrescentou ele.
Na opinião de Ding, a China e a UE são importantes parceiras comerciais com uma base sólida de cooperação. Ele salientou que o aprofundamento da cooperação por meio de competição positiva e a busca por resultados de ganho mútuo constituem a abordagem correta para as relações bilaterais.
Várias montadoras chinesas de veículos de nova energia estabeleceram fábricas em países europeus. A produtora chinesa de baterias CATL, por exemplo, anunciou a decisão de construir sua segunda fábrica de baterias europeia, na Hungria, em 2022. E a montadora chinesa BYD também decidiu investir em uma base de produção húngara para seus veículos elétricos.
"Esperamos que a UE e a China possam se encontrar a meio caminho e resolver suas respectivas preocupações de forma adequada, por meio do diálogo", assinalou Ding, ressaltando que a China é firmemente contra qualquer tipo de unilateralismo ou protecionismo.
SUBSÍDIOS BASEADOS EM REGRAS
Entre as bases do Ocidente para suas ações contra os produtos chineses estão o que ele alega serem subsídios excessivos para o setor de veículos elétricos na China, que levaram ao chamado excesso de capacidade industrial.
"Tais alegações são contrárias ao senso comum e à realidade. De fato, são novos padrões duplos e truques de protecionismo comercial", disse Ding.
Segundo ele, os governos em todo o mundo geralmente usam subsídios para estimular o desenvolvimento industrial e otimizar as estruturas industriais.
Os subsídios chineses estão em conformidade com as regras da OMC e são usufruídos igualmente por todos os tipos de entidades de mercado. Além disso, o governo chinês tem informado consistentemente a OMC sempre que concede subsídios a empresas, afirmou Ding.
"Como uma prática universalmente reconhecida, a aplicação de subsídios deve respeitar as regras da OMC e deve ser equitativa, transparente e baseada em leis", de acordo com ele, observando que os Estados Unidos e a UE aumentaram seus próprios subsídios nos últimos anos, muitos dos quais são discriminatórios.
Ding enfatizou que, em meio à competição positiva, a China sempre busca cooperação para alcançar resultados de ganho mútuo. "A China está disposta a cooperar com todos os países na cadeia industrial de nova energia global e a trabalhar em conjunto para promover a inovação tecnológica e o crescimento industrial."