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Restrições mais rígidas aos chips nos EUA geram preocupações

Fonte: Diário do Povo Online    02.04.2024 10h26

O mais recente reforço das restrições às exportações de chips para a China pelo governo dos Estados Unidos destaca mais uma vez que Washington está usando o poder político para perturbar a cooperação comercial normal, e isso representaria outro golpe para a indústria global de semicondutores, afirmaram especialistas e executivos da empresa.

Tais restrições levarão as empresas chinesas a dedicar mais recursos à investigação e desenvolvimento, no intuito de alcançar avanços em componentes-chave e estabelecer uma posição de liderança em tecnologias estratégicas mais orientadas para o futuro, observaram eles.

Os comentários vieram acerca das últimas regras revisadas dos EUA, que têm 166 páginas, devem entrar em vigor na próxima quinta-feira.

Essas restrições mais rígidas tornarão mais difícil para a China obter acesso aos chips de inteligência artificial e aos mercados de ferramentas de fabricação de chips dos EUA. Washington expandiu as restrições para laptops contendo esses chips de IA, informou a Reuters.

“Apesar da mudança na retórica de Washington, de dissociação para redução de riscos nas principais cadeias de abastecimento, o governo dos EUA continua a apertar seus controles sobre as exportações de chips para a China”, lamentou Wei Jianguo, ex-vice-ministro do Comércio.

“A medida é a mais recente evidência de que, para conter a ascensão tecnológica da China, o governo dos EUA está aproveitando todos os meios, independentemente do prejuízo que isso causará às empresas norte-americanas”, observou Wei.

O Ministério do Comércio da China disse no domingo (31) que a última revisão dos controles de exportação de semicondutores ocorreu menos de seis meses após a regra ter sido introduzida em outubro de 2023 pelos EUA.

A ampliação do chamado conceito de segurança nacional pelos EUA, juntamente com mudanças arbitrárias de regras e medidas de controle mais rigorosas, não só cria mais obstáculos à cooperação econômica e comercial normal entre a China e os EUA, mas também impõe custos de conformidade mais pesados para as empresas globais, acrescentou o ministério.

As últimas restrições mais rigorosas à exportação de chips foram introduzidas, embora as principais empresas de semicondutores dos EUA estejam trabalhando duro para consolidar os laços com a China, que é o maior mercado mundial de semicondutores.

Contrariamente à medida disruptiva dos negócios de Washington, as comunidades empresariais nos EUA ainda consideram a China uma parte fundamental do seu cenário empresarial global. Por exemplo, os CEO de empresas de semicondutores dos EUA, como Qualcomm, Micron e AMD, visitaram a China para participar no Fórum de Desenvolvimento da China em Beijing, salientando seu compromisso de longo prazo com o mercado chinês.

Cristiano Amon, presidente e CEO da Qualcomm, afirmou que nos últimos 30 anos, a empresa estabeleceu relações fortes, de confiança e mutuamente benéficas com os seus parceiros chineses. Hoje em dia, à medida que a sua tecnologia se expande para inúmeras novas indústrias, a Qualcomm estabelece constantemente novas parcerias na China.

Enquanto isso, a Micron Technology inaugurou sua nova fábrica em Xi'an, província de Shaanxi, na quarta-feira (27), como parte de seu plano de investimento de 4,3 bilhões de yuans (US$ 595 milhões) anunciado em junho de 2023.

Manish Bhatia, vice-presidente executivo de operações globais da Micron, disse: "A China é uma parte crítica do nosso negócio global. Estamos focados em sermos capazes de apoiar esse negócio".

Apesar dos ruídos políticos do governo dos EUA, as empresas dos EUA estão fazendo o possível para expandir sua presença na China, já que "o mercado é muito grande para qualquer um ignorar", avaliou Bai Ming, pesquisador da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação Econômica, com sede em Beijing.

A parte continental da China consome mais da metade dos semicondutores mundiais, que são então montados em produtos tecnológicos para serem reexportados ou vendidos no mercado interno, segundo a empresa de pesquisa Daxue Consulting.

Xiang Ligang, diretor-geral da Aliança de Consumo de Informação, uma associação da indústria de telecomunicações na China, disse que as restrições aos chips dos EUA acelerarão os esforços das empresas chinesas para alcançar avanços tecnológicos.

Por exemplo, os processadores de IA da Huawei tornaram-se produtos muito procurados na China depois que foram impostas restrições à exportação para a China dos chips de IA mais avançados da empresa norte-americana Nvidia, disse Xiang.

Entretanto, as empresas chinesas estão lutando pelo pioneirismo na I&D de tecnologias de ponta, como o 5.5G, uma atualização crucial da rede 5G em termos de funcionalidade e cobertura, que dará uma nova vitalidade ao crescimento tecnológico da China, enfatizaram os especialistas.

O 5,5G pode, por exemplo suportar uma velocidade de downlink de 10 gigabits por segundo, em comparação com a velocidade atual de 5G de 1 Gbps.

A China Mobile, a maior operadora de telecomunicações do mundo em termos de assinantes móveis, tornou-se na semana passada a primeira empresa do mundo a começar a implantar redes comerciais 5,5G. A expectativa é de que a empresa seja capaz de cobrir mais de 300 cidades chinesas com 5,5G até ao final deste ano, o que tornaria a sua escala a maior do mundo.

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