O ano de 2024 marca o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e o Brasil. A China tem sido o parceiro comercial mais importante do Brasil desde 2009 e é também uma das principais fontes de investimento estrangeiro do país sul-americano. O desenvolvimento de alta qualidade da China continua a acrescentar novas dimensões à cooperação bilateral.
Cooperação agrícola para alívio da pobreza
A agricultura é uma das principais áreas de cooperação econômica e comercial entre a China e o Brasil, e o Brasil é o importante parceiro comercial agrícola da China. Dados da Administração Geral das Alfândegas da China mostraram que o Brasil ficou em primeiro lugar entre as principais fontes de produtos agrícolas importados pela China em 2023, com as importações anuais atingindo US$ 58,618 bilhões, um aumento de 11,68% em relação ao ano anterior, e representando cerca de 24,8% das importações totais de produtos agrícolas da China.
Em 2023, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva visitou a China, e os dois países emitiram uma declaração conjunta sobre o aprofundamento da parceria estratégica global. Entre outros assuntos, as autoridades relevantes dos dois países assinaram um memorando de entendimento para aprofundar a cooperação no campo do desenvolvimento social e rural e combater conjuntamente a fome e a pobreza.
Ronnie Lins, diretor do Centro de Estudos da China no Brasil, disse que a China fez um excelente trabalho na eliminação da pobreza absoluta e o governo brasileiro pode aprender com a experiência da China nesta área.
Em 2 de fevereiro de 2024, a cerimônia de lançamento de um projeto de demonstração de cooperação em mecanização agrícola China-Brasil foi realizada em Apodi, nordeste do Brasil, e o primeiro lote de equipamentos de sete empresas chinesas de máquinas agrícolas foi oficialmente entregue às organizações relevantes.
Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Brasil, considera esse um dia histórico para a agricultura familiar no Brasil, explicando que os equipamentos e a experiência chineses desempenharão um papel importante na melhoria da agricultura familiar no Brasil.
A China está acelerando a modernização de sua agricultura, incorporando inovações como plantio de precisão, sistemas avançados de irrigação e aplicações de biotecnologia para melhorar a eficiência e a sustentabilidade da produção agrícola, garantir a segurança alimentar de seu próprio povo e contribuir para garantir a segurança alimentar de pessoas em outras partes do mundo por meio da cooperação internacional, disse Ronnie Lins.
Cooperação de infraestrutura para conectividade
Nos últimos anos, as empresas chinesas tem desempenhado um papel cada vez mais importante em projetos hidráulicos, ferrovias, estradas, construções urbanas e em outras infraestruturas do Brasil, trabalhando em conjunto para construir a conectividade da infraestrutura.
A fase II do projeto de transmissão de corrente contínua de ultra-alta tensão de ±800kV da usina de Belo Monte no Brasil foi concedida de forma independente à State Grid Corporation of China, transportando "energia hidrelétrica" do norte do Brasil para o Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades em um fluxo contínuo. A linha tem mais de 2 mil quilômetros de extensão e abrange cinco estados e 81 cidades.
Em 2022, a taxa média de disponibilidade do sistema de corrente contínua do projeto atingiu 99,93%, e a transmissão de energia acumulada anual chegou a 18,3 bilhões de kWh. Até hoje, mais de 22 milhões de brasileiros, o equivalente a 10% da população total, foram beneficiados.
No que se diz respeito ao transporte, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) é um importante corredor logístico que conecta o transporte terrestre e costeiro no Brasil. A empresa China Railway Nº 10 Construtora do Brasil Ltda. está encarregada de construir a primeira parte da FIOL I, que tem 126 quilômetros. Após a conclusão da ferrovia, o desenvolvimento da mineração e da agricultura no centro e no oeste do Brasil será bastante aprimorado.
A CRRC foi responsável pelo fornecimento de trens do metrô na cidade do Rio de Janeiro, cujos veículos participaram de grandes eventos como a Copa do Mundo do Brasil 2014 e os Jogos Olímpicos 2016, entre outros.
Hu Biliang, presidente executivo do Instituto do Cinturão e Rota da Universidade Normal de Beijing, acredita que a participação da China na cooperação de infraestrutura com o Brasil é de grande importância para melhorar a capacidade industrial e as vidas do povo local, e também pode promover a construção de um sistema de rede de interconexão global e promover o desenvolvimento sustentável do mundo.
Proteção ecológica para o desenvolvimento verde
A China e o Brasil alcançaram resultados notáveis no desenvolvimento e na utilização de energia renovável e na conservação ecológica.
Em junho de 2023, a fase II do projeto de transmissão energética de Belo Monte forneceu um total de 178 bilhões de kWh de energia hidrelétrica limpa, o equivalente a economizar 64 milhões de toneladas de carvão padrão e reduzir as emissões de dióxido de carbono em 170 milhões de toneladas.
Em 1999, o primeiro Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS) foi lançado com sucesso. Nos últimos 30 anos, as duas partes cooperaram no desenvolvimento de seis satélites CBERS.
Os dados dos satélites têm servido ao desenvolvimento social e econômico dos dois países e são amplamente utilizados nas áreas de recursos naturais, agricultura, silvicultura, geologia, recursos hídricos, planejamento urbano e proteção ambiental.
De acordo com José Raimundo Coelho, ex-presidente da Agência Espacial Brasileira, O CBERS tem atendido às necessidades do Brasil na exploração e monitoramento dos recursos naturais e na proteção ecológica.
Segundo Zhou Zhiwei, diretor-executivo do centro de estudos brasileiros e vice-diretor do departamento de relações internacionais, ligados ao Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais, o desenvolvimento de alta qualidade da China tem um forte efeito impulsionador na transformação da estrutura energética e na proteção ecológica do Brasil.
As economias da China e do Brasil são altamente complementares, e os dois países sempre mantiveram um comércio bilateral estreito e sustentável, disse Zhou, acrescentando que o desenvolvimento de alta qualidade da China contribuirá ativamente com os esforços do Brasil para combater a fome e a pobreza, melhorar a integração da infraestrutura, impulsionar o mercado consumidor doméstico geral, aumentar as oportunidades de emprego e alcançar um desenvolvimento verde e sustentável.
