O plano dos EUA de investir milhares de milhões na produção nacional de guindastes para substituir os fabricados na China devido a potenciais "riscos para a segurança nacional" é absurdo e dificilmente terá sucesso, segundo especialistas.
O Wall Street Journal informou na quarta-feira que o governo do presidente do presidente Joe Biden planeja investir bilhões na fabricação nacional de guindastes usados nos portos dos EUA. O governo pretende substituir os guindastes construídos na China, que alega conterem software avançado que representa um risco à segurança nacional.
Autoridades governamentais afirmaram que mais de US$ 20 bilhões seriam investidos na segurança portuária, incluindo na produção doméstica de guindastes, nos próximos cinco anos. Os fundos, provenientes do projeto de lei bipartidário de infraestruturas de US$ 1 trilhão, aprovado em 2021, apoiaria uma subsidiária americana da Mitsui, uma empresa japonesa, para produzir os guindastes.
As autoridades disseram que seria a primeira vez em 30 anos que os guindastes seriam construídos internamente, de acordo com o relatório.
As autoridades chinesas rejeitaram firmemente a frequente hiperbolização da "ameaça chinesa" por parte dos EUA.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, disse numa conferência de imprensa em janeiro que alguns políticos dos EUA têm estado a apregoar a "ameaça chinesa", ao mesmo tempo que expõem seu verdadeiro objectivo de suprimir o desenvolvimento da China em nome da segurança nacional.
Dois comitês do Congresso dos EUA estão atualmente analisando as operações da empresa de engenharia suíço ABB na China, particularmente no que diz respeito à instalação de equipamentos ABB pela empresa chinesa Shanghai Zhenhua Heavy Industries (ZPMC) em guindastes ship-to-shore com destino aos EUA.
Alguns responsáveis da segurança nacional e do Pentágono compararam as gruas navio-terra fabricadas pela ZPMC a um cavalo de Tróia, alegando que contêm sensores sofisticados que podem registrar e rastrear a proveniência e o destino dos contentores, informou o Wall Street Journal em março de 2023.
Para alguns políticos dos EUA, qualquer coisa avançada pela China pode ser uma “ameaça” e deve ser travada a todo custo. Isto é pura intimidação e hegemonismo, disse Wang.
"O verdadeiro objetivo dos EUA é excluir a indústria chinesa de todo o seu sistema de cadeia de abastecimento, impedir o processo de industrialização da China e impedir a modernização chinesa", disse Tian Yun, um economista veterano radicado em Beijing, ao Global Times na quinta-feira.
O objetivo é atacar ainda mais a China em termos de cooperação comercial e económica, disse Tian.
"A afirmação dos políticos dos EUA é absurda, já que o próprio guindaste funciona com base em princípios mecânicos simples", disse He Weiwen, membro sênior do Centro para a China e a Globalização, ao Global Times na quinta-feira. "É ridículo confiar em suposições para determinar a segurança do comércio normal", acrescentou.
Ele observou também que o plano de substituição da produção doméstica de Biden provavelmente não terá sucesso.
"Na década de 1990, muitos portos dos EUA tinham guindastes ZPMC, que eram vistos como econômicos. A produção doméstica seria cara e dependeria fortemente de subsídios federais. Agora, o governo dos EUA luta para subsidiar até mesmo a produção de chips, quanto mais os guindastes", afirmou.
De acordo com altos funcionários da administração, 80% dos guindastes de navio para terra que movimentam o comércio nos portos dos EUA foram fabricados na China, informou a CNBC.
"Se os EUA insistirem em generalizar a segurança nacional, acabarão por ter de produzir tudo sozinhos, até brinquedos", afirmou.
