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Opinião: contos duradouros com características contrastantes

Fonte: Diário do Povo Online    29.01.2024 10h27

Criaturas míticas descritas em Shan Hai Jing (Clássico das Montanhas e Mares), uma antiga obra da literatura chinesa, são recriadas no Festival de Lanternas do Jardim Yuyuan em Paris. Foto: China Daily

Em breve entraremos no Ano do Dragão. Ou deveria ser o Ano do Loong? Esta é uma questão que tem sido tema de debate na China, já que há quem diga que há uma diferença entre as duas criaturas nas mitologias chinesa e ocidental.

Há quem aponte que os dragões no Ocidente, geralmente descritos como criaturas malévolas e cuspidoras de fogo, acumulam tesouros e aterrorizam as aldeias. Os dragões são tipicamente vistos como símbolos do caos e do mal, retratados como antagonistas na mitologia e na literatura ocidentais, e muitas vezes retratados como adversários malévolos a serem derrotados por heróis valentes.

Essas representações remontam aos mitos arquetípicos das antigas culturas da Mesopotâmia e do Oriente Médio, nas quais criaturas semelhantes a dragões, como Tiamat na mitologia mesopotâmica, são forças do caos e da destruição que são confrontadas e, finalmente, derrotadas em uma grande batalha.

Essa ressonância simbólica pode ser vista no apelo duradouro dos dragões na cultura popular ocidental de hoje, onde são a base da literatura de fantasia, filmes, videogames e programas de TV, muitas vezes incorporando uma mistura de qualidades inspiradoras e assustadoras que os colocam no cerne das lutas entre o bem e o mal.

Na cultura chinesa, os dragões são reverenciados como símbolos de poder, excelência e boa sorte, e são frequentemente descritos como criaturas sábias e gentis.

O dragão chinês tem sido uma constante na cultura da China há milhares de anos, e suas origens remontam à antiga civilização chinesa através da mitologia, do folclore e das crenças religiosas. Como se acreditava que os dragões tinham controle sobre os fenômenos naturais, como a chuva, tempestades e água, e estavam associados às propriedades vitais da água e à fertilidade da terra, os dragões tornaram-se símbolos de força e boa sorte, e passaram a ser associados ao equilíbrio, harmonia e ordem natural do universo.

Representando a auspiciosidade, vitalidade e poder da natureza, continuam a ser um símbolo reverenciado e querido na sociedade chinesa, refletindo o significado duradouro das tradições históricas na China moderna.

As diferenças na perceção destas criaturas míticas na China e no Ocidente estão enraizadas nos seus diferentes valores culturais.

Assim, a resposta à pergunta inicial é clara: usar ou não loong em vez de dragão não é importante. O importante é que, à medida que entramos num novo ano lunar, todos os povos a nível mundial sejam capazes de apreciar os valores culturais incorporados em símbolos orientais como o loong.

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