A economia chinesa encerrou 2023 com crescimento acima da meta, apesar dos desafios domésticos e da pressão externa, fornecendo um forte impulso para a economia global.
O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,2% ano a ano, para um novo recorde de 126,06 trilhões de yuans (US$ 17,7 trilhões) no ano passado, informou o Departamento Nacional de Estatísticas nesta quarta-feira.
A taxa de crescimento é superior à meta anual do governo, de cerca de 5%, e supera o aumento de 3% em 2022.
A China cumpriu as principais metas estabelecidas para 2023 e viu uma recuperação sólida e melhorias no desempenho econômico, disse Kang Yi, chefe do departamento, que também alertou para dificuldades e desafios futuros.
MOTOR DE CRESCIMENTO GLOBAL
A contribuição da China para o crescimento do PIB global deve chegar a mais de 30% em 2023, tornando-se o motor de crescimento mais forte do mundo, disse Kang em entrevista coletiva.
"O crescimento da China não apenas supera o crescimento global estimado de 3%, mas também ocupa o primeiro lugar entre as principais economias", disse Kang.
Apesar de uma tendência de queda no comércio global, as exportações da China registraram um aumento no ano passado. Seu índice de preços ao consumidor, que subiu 0,2% no ano passado, estava "em forte contraste" com a inflação persistentemente alta em alguns países, disse Kang.
Os dados de quarta-feira também revelaram que os principais segmentos da economia, incluindo o consumo e a atividade de serviços, se recuperaram depois que a China ajustou sua resposta à COVID-19, no início de 2023.
O consumo foi um motor de crescimento significativo no ano passado. O consumo final contribuiu com 82,5% para o crescimento do PIB em 2023, com as vendas no varejo de bens de consumo subindo 7,2% ano a ano, para mais de 47 trilhões de yuans.
O setor de serviços viu seu valor agregado de produção aumentar 5,8% em termos anuais, respondendo por 54,6% do PIB, mostraram os dados.
Sobre o setor imobiliário, Kang disse que houve algumas mudanças positivas no mercado, citando menores quedas nos principais indicadores, como investimento em desenvolvimento imobiliário e vendas de moradias comerciais.
"Não foi fácil para a China manter o ímpeto de recuperação ao longo do ano e atingir sua meta anual de PIB", disse Wen Bin, economista-chefe do Banco Minsheng, da China, descrevendo o crescimento como uma trajetória em ziguezague, mas com avanços.
CONDIÇÕES FAVORÁVEIS PARA O CRESCIMENTO
Quando perguntado sobre as perspectivas econômicas da China em 2024, Kang disse que a economia continuará a se recuperar e melhorar, pois "os sólidos fundamentos de longo prazo do país permanecem inalterados".
O desenvolvimento econômico da China este ano é sustentado por várias condições favoráveis, incluindo um sólido impulso, forte resiliência, grande vitalidade da economia, reforma e abertura aprofundadas e amplo espaço para políticas, disse Kang.
Os efeitos positivos de uma série de medidas introduzidas em 2023, incluindo a emissão de mais títulos do governo, cortes de impostos e taxas, bem como redução de taxa de reservas obrigatórias e das taxas de juros, devem se estender até este ano, disse ele.
A China enriquecerá ainda mais sua caixa de ferramentas de políticas e aproveitará melhor os efeitos combinados dessas medidas, acrescentou Kang.
Várias organizações internacionais, como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, em inglês) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), também deram um aceno às perspectivas econômicas da China em 2024 e revisaram para cima suas previsões de crescimento para o país.
No entanto, Kang advertiu que o desenvolvimento econômico ainda enfrenta dificuldades e desafios, já que o ambiente externo se tornou mais complexo e severo, com mais incertezas.
"A economia chinesa certamente estará à altura dos desafios e garantirá uma melhoria efetiva na qualidade e um aumento razoável na quantidade", disse Kang.