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Lula afirma que tragédias humanitárias atuais representam o fracasso das instituições internacionais

Fonte: Xinhua    20.11.2023 08h37

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na última sexta-feira que as atuais tragédias internacionais que existem no mundo evidenciam o fracasso das instituições internacionais e voltou a defender mudanças na governança mundial.

Durante seu discurso na segunda reunião de cúpula virtual Vozes do Sul Global, organizada pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, Lula assegurou que o Brasil "tem trabalhado incansavelmente pela paz" no Conselho de Segurança da ONU, embora tenha sido prejudicado pelo direito de veto no órgão.

"As tragédias humanitárias a que estamos assistindo evidenciam a falência das instituições internacionais. Por não refletirem a realidade atual, elas perderam efetividade e credibilidade. Em seu mandato no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil tem trabalhado incansavelmente pela paz. Mas as soluções são reiteradamente frustradas pelo direito de veto", disse o presidente brasileiro, segundo relato da Agência Brasil.

Desde que tomou posse em janeiro, Lula tem defendido, em diversos discursos em fóruns internacionais, que o atual modelo de governança, criado após a Segunda Guerra Mundial, já não representa a geopolítica do século 21. Para o presidente brasileiro, é necessária uma representação adequada dos países emergentes em órgãos como o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Para Lula, os países necessitam recuperar a confiança no multilateralismo.

"Precisamos recuperar nossas melhores tradições humanistas. Nada justifica que as principais vítimas dos conflitos sejam mulheres e crianças. É preciso restituir a primazia do direito internacional, inclusive o humanitário, que valha igualmente para todos, sem padrões duplos ou medidas unilaterais", acrescentou em alusão ao conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza, que já causou a morte de quase 5.000 crianças na região.

Lula também mencionou que durante a presidência do Brasil no G20, que começa em dezembro, lançará luz sobre as necessidades dos países do Sul global, em particular a luta contra a fome e o combate às mudanças climáticas.

Para o presidente, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável são o "resumo mais fiel" das aspirações do chamado terceiro mundo, mas só uma quinta parte das metas tem avançado como se esperava.

Nesse sentido, propôs a redução das desigualdades como objetivo síntese da agenda global.

"Caso contrário, o abismo entre países ricos e pobres só irá crescer. Falharemos com as milhões de pessoas que passam fome no mundo, enquanto bilhões de dólares são gastos para travar guerras. Seremos os mais afetados pela mudança do clima, mesmo que não tenhamos sido, historicamente, os maiores responsáveis pelas emissões de gases do efeito estufa".

"Nos tornaremos vítimas de nova corrida predatória por recursos naturais, incluindo minerais críticos, sem a oportunidade de diversificar nossas bases produtivas", ressaltou Lula.

"Seguiremos sem acesso a medicamentos, repetindo - na expressão do diretor-geral da OMS - o "apartheid de vacinas" que vimos na pandemia de COVID-19. Viveremos o impacto da inteligência artificial sobre nossos empregos, sem participar da sua regulação. E muitos de nós continuarão sufocados por dívidas que limitam a capacidade do Estado de promover o desenvolvimento sustentável", concluiu o presidente brasileiro.

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