A visita programada à China da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, sinaliza que as duas maiores economias do mundo estão tentando fortalecer o diálogo regular, potencialmente lançando as bases para uma redução substancial nas tensões econômicas bilaterais, afirmaram consultores políticos e especialistas na segunda-feira (3).
Os riscos de propagação da dívida nacional dos Estados Unidos e as sanções dos EUA às empresas de tecnologia chinesas estão entre as principais áreas de preocupação sobre as quais as autoridades chinesas devem declarar seu ponto de vista durante o diálogo com Yellen, explicaram eles.
A secretária do Tesouro americano deve visitar a China de quinta a domingo, de acordo com o Ministério das Finanças da China. Sua visita ocorre logo após a viagem do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, no mês passado.
"Depois que a visita de Blinken abriu caminho para mais intercâmbios de alto nível entre a China e os EUA, a viagem de Yellen indica que os dois países estão retomando os canais regulares de comunicação, transmitindo sua intenção mútua de seguir em frente e aliviar a situação tensa", disse Zhang Xiaotao, reitor da Escola de Comércio Internacional e Economia da Universidade Central de Finanças e Economia.
A visita de Yellen ocorre num momento em que os laços econômicos China-EUA continuam atormentados por tensões geopolíticas mais amplas e disputas em várias áreas, como tecnologia de semicondutores, cadeias de suprimentos e questões de dívida, aumentando a expectativa de que sua visita ajude a resolver algumas das diferenças.
Autoridades financeiras de alto escalão da China e dos EUA podem expressar seus pontos de vista e opiniões com mais clareza durante suas conversas face a face, disse Wen Laicheng, especialista do Centro de Dívidas do Ministério das Finanças da China e professor da Universidade Central de Finanças e Economia. "A visita, nesta perspectiva, é muito importante e positiva", acrescentou .
Enquanto estiver em Beijing, Yellen planeja discutir com as autoridades chinesas a importância de os dois países administrarem seu relacionamento com responsabilidade, comunicando-se diretamente sobre áreas de preocupação e trabalhando juntos para enfrentar os desafios globais, de acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA.
Zhang Lianqi, membro do Comitê Permanente do 14º Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPCh), o principal órgão consultivo político do país, disse que a repressão dos EUA aos semicondutores e outras indústrias da China deve ser o principal tópico de discussão.
As autoridades chinesas também podem expressar suas preocupações sobre os riscos de propagação do aumento da dívida dos EUA após a suspensão do teto da dívida de US$ 31,4 trilhões do governo dos EUA, disse Zhang.
Especialistas alertaram que é improvável que uma única visita de um alto funcionário financeiro dos EUA alcance um progresso substancial na resolução de divergências profundamente enraizadas entre os dois lados, especialmente quando os EUA adotaram uma estratégia de "redução de riscos" para cobrir a fragmentação de cadeias de suprimentos, o que está se mostrando caro para o mundo.
Embora Yellen tenha considerado a "desvinculação" econômica da China "desastrosa", a espectativa ainda é de que ela enfatize a estratégia de "reduzir o risco" e insista no conceito de competição econômica, observou Zhang.
"Por um lado, os EUA esperam se comunicar com a China e obter o apoio da China, mas, por outro, continuam intensificando as ações comerciais contra a China, como adicionar empresas chinesas à sua lista de entidades para sanções e fazer com que outros países bloqueiem a China em termos de exportação de produtos tecnológicos", disse Wen, da Universidade Central de Finanças e Economia. "Não há sinal de melhora a esse respeito", avaliou ele.
