O ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro prestou depoimento durante duas horas nesta quarta-feira à Polícia Federal em Brasília sobre os ataques de seus partidários às sedes dos Três Poderes públicos no dia 8 de janeiro, uma semana depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo seus advogados, Bolsonaro declarou que um vídeo compartilhado por ele nas redes sociais depois do ataque, no qual a eleição do atual presidente foi feito "sob efeitos de remédios".
"Esse post foi feito de maneira incorreta, tanto que, pouco depois, duas ou três horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou o post", afirmou um de seus advogados, Paulo Cunha Bueno.
"Realmente houve um erro na hora de salvar um arquivo para depois poder vê-lo", acrescentou.
Segundo Bueno, no período da postagem, Bolsonaro estava internado em um hospital em Orlando, nos Estados Unidos, para tratar uma obstrução intestinal.
"Precisamente no período compreendido entre 8 e 10 (de janeiro), Bolsonaro teve uma crise de obstrução intestinal, o que está documentado, foi submetido a tratamento com morfina, ficou hospitalizado e só recebeu alta na tarde do dia 10", assegurou.
O vídeo compartilhado pelo ex-presidente colocava em dúvida a transparência do sistema eleitoral brasileiro. Lula venceu Bolsonaro, que buscava a reeleição, no segundo turno das eleições gerais de outubro passado.
O depoimento do ex-presidente foi ordenado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), devido à investigação que visa apurar quem foram os autores intelectuais do ataque do domingo 8 de janeiro.
Na tarde daquele dia, centenas de partidários do ex-presidente invadiram o Palácio do Planalto, sede da presidência e os prédios do Congresso e da Suprema Corte, causando grandes danos materiais.
O episódio está sendo considerado como o ataque mais grave às instituições da República em tempos democráticos em toda a história brasileira.