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Fórum Internacional: A segurança e a estabilidade do Oriente Médio são o desejo sincero da China

Fonte: Diário do Povo Online    25.04.2023 14h22

Zhai Jun*

Desde que o diálogo entre a Arábia Saudita e o Irã em Beijing alcançou grandes resultados, ambas as partes continuam dando novos passos para facilitar as relações, de acordo com o roteiro e o cronograma clarificados no "Acordo de Beijing". A 6 de abril, após o sucesso da reunião dos ministros das Relações Exteriores da Arábia Saudita e do Irã, ambas as partes emitiram uma declaração conjunta, anunciaram a restauração dos laços diplomáticos e inauguraram um novo capítulo na história de suas relações. A ocasião constituiu um momento inspirador para a reconciliação no Oriente Médio e um importante exemplo de resolução de conflitos por meio do diálogo e da negociação. Forneceu também um exemplo de sucesso para a implementação de iniciativas de segurança global e para a construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, exemplo esse que tem sido amplamente aplaudido pelos países do Oriente Médio e pela comunidade internacional. A China, enquanto mediador confiável e de boa fé, cumpriu fielmente seus deveres como anfitriã e conta com a total confiança da Arábia Saudita e do Irã. O papel desempenhado pela China é muito valorizado pelos países e povos da região.

Numa altura em que o mundo está entrando em um novo período de turbulência e de mudanças, em que questões polémicas vêm surgindo uma após a outra, os temas que nos ocupavam na era da paz e do desenvolvimento estão sendo seriamente comprometidos. A alta concentração das questões críticas que afetam o Oriente Médio faz com que os conflitos nesta região sejam de grande complexidade. Em conjunto com os países da região, a China tem implementado iniciativas de segurança global e promovido a retomada das relações diplomáticas entre o Irã e a Arábia Saudita, assim demonstrando o seu sentido de responsabilidade e trazendo grandes benefícios para um mundo turbulento.

O diálogo entre a Arábia Saudita e o Irã em Beijing demonstrou claramente que o respeito mútuo, o diálogo e a consulta são as formas fundamentais de resolver conflitos. Os fatos têm provado vezes sem conta que guerras e sanções apenas criam mais conflito e instabilidade, e que somente a compreensão mútua e a acomodação permitem chegar a soluções inclusivas. Por mais complexo que seja o problema e quão grande seja o desafio, a comunidade internacional, em particular os países de maior influência, deve tomar uma posição clara na promoção da paz e do diálogo, aconselhar e mediar de acordo com as necessidades e expetativas dos países envolvidos, assim como ajudar as partes a trabalhar juntas em um espírito de respeito mútuo. Por meio do diálogo se constrói confiança mútua, se resolvem disputas e se promove a segurança.

Os resultados alcançados pelo Irã e a Arábia Saudita expressam que os interesses comuns dos países em desenvolvimento só podem ser salvaguardados mediante o respeito pela soberania, a solidariedade e a cooperação. Por muito tempo, certas grandes potências externas à região provocaram conflitos, criaram cisões e compartimentaram o Oriente Médio para o governar, resultando em turbulência na região e em sofrimento para seus povos. A experiência dos países do Oriente Médio é também a experiência de muitos países em desenvolvimento em todo o mundo. Não existe o chamado "vácuo" em política internacional. Os países em desenvolvimento têm a vontade e a capacidade de buscar por si próprios a paz e o desenvolvimento. Perante interferências externas, estes países devem fortalecer ainda mais sua soberania, solidariedade e cooperação, buscar a paz por meio da unidade, alcançar a estabilidade por meio do autoaperfeiçoamento e promover o desenvolvimento por meio da cooperação.

O diálogo entre a Arábia Saudita e o Irã em Beijing demonstra que somente aderindo a um conceito de segurança comum, abrangente, cooperativo e sustentável é possível concretizar uma segurança universal. A humanidade é uma comunidade de segurança indivisível. Seja no Oriente Médio ou em outras regiões do globo, o caminho para a segurança nunca foi uma via de sentido único, antes uma via de dois sentidos que possibilita aproximações e entendimentos mútuos. Todos os membros da comunidade internacional devem ter em conta as preocupações de segurança legítimas e razoáveis ​​dos demais, construir uma plataforma de diálogo de segurança aberta à participação de todas as partes, erguer uma estrutura de segurança equilibrada, eficaz e sustentável e estabelecer bases sólidas para uma segurança verdadeiramente duradoura.

O exemplo de sucesso do Irã e da Arábia Saudita comprova que a base fundamental para lidar com as relações entre países é o cumprimento dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas. Sendo resultado das profundas reflexões dos povos do mundo sobre as dolorosas lições históricas das duas guerras mundiais, a Carta das Nações Unidas condensa a estrutura de um sistema que permite à humanidade alcançar a segurança coletiva e a paz permanente. Se, atualmente, tensões e conflitos globais estão surgindo um após o outro, não é porque os propósitos e princípios da Carta da ONU estejam ultrapassados, mas porque eles não foram efetivamente mantidos e implementados. A comunidade internacional deve defender firmemente as normas básicas que regem as relações internacionais com base nos propósitos e princípios da Carta da ONU, aderir às regras de ouro da igualdade soberana e da não interferência em assuntos internos e buscar soluções justas, razoáveis ​​e aceitáveis ​​para os diversos conflitos.

A China é uma boa amiga e parceira dos países do Oriente Médio. Não temos interesses próprios no Oriente Médio, não nos envolvemos em "clubes exclusivos" e estamos sempre comprometidos com a resolução política de questões importantes. O país está sinceramente empenhado em promover a segurança e a estabilidade na região. Nos últimos anos, a China apresentou sucessivamente uma iniciativa de cinco pontos para garantir a segurança e a estabilidade no Oriente Médio, uma proposta de quatro pontos sobre uma resolução política para a questão síria e um plano de três pontos para a implementação de uma "solução de dois Estados" para a questão palestina, promovendo assim a construção de uma arquitetura de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável para o Oriente Médio. Tais esforços são consistentes com o apoio prestado ao restabelecimento das relações diplomáticas entre o Irã e a Arábia Saudita e estão de acordo com o espírito da Iniciativa de Segurança Global.

No futuro, a China demonstrará, como sempre, seu sentido de responsabilidade enquanto potência importante, apelará à imparcialidade e defenderá a justiça. O país apoiará as nações do Oriente Médio na preservação de sua independência estratégica, fortalecerá a solidariedade e a coordenação com estes países, opor-se-á a interferências externas, explorará, de modo independente e através de diálogo e consulta, soluções para questões críticas de acordo com as realidades regionais, promoverá a segurança e estabilidade no Oriente Médio e impulsionará a solidariedade e cooperação dos países em desenvolvimento, de modo a propiciar o avanço da ordem internacional em uma direção mais justa e razoável.

(*O autor é delegado especial do governo chinês para questões do Oriente Médio)

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