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Profissões verdes promovem desenvolvimento de baixo carbono na China

Fonte: Diário do Povo Online    03.03.2023 14h16

Por Liu Xiaoyu, Diário do Povo

Yang Jiwei, gestor de emissões de carbono, inspeciona o consumo de energia de uma oficina da Tianjin Dagu Chemical Ltda., no município de Tianjin. Foto de enorth.com.cn

Novos tipos de profissões estão crescendo atualmente na China. As pessoas envolvidas nessas profissões trocam créditos verdes por produtos marinhos nas bases de aquacultura, ou reciclam detritos com apenas um clique. Focadas no desenvolvimento sustentável da produção, na vida quotidiana e no ambiente, estas profissões verdes têm conferido constante ímpeto aos esforços ecológicos da China.

Profissões verdes receberam sua classificação pelo Ministério de Recursos Humanos e Segurança Social em 2015 e incluem as atividades profissionais amigas do ambiente, de baixo carbono e de reciclagem de elevado reconhecimento social. Uma edição atualizada da lista de profissões publicada pelo ministério no ano passado aponta para a existência de 134 dessas profissões verdes, contabilizando 8% do total registrado.

Na linha de produção da Changle Lixing Equipamentos Eletromecânicos Ltda., localizada em Fuzhou, na província de Fujian, baterias lítio contendo substâncias nocivas são devidamente descartadas em pouco mais de uma hora. Os metais dessas baterias são depois reciclados e utilizados na produção de equipamento.

“Em comparação com há cinco anos atrás, as emissões de carbono da empresa por cada 10.000 yuans de produção caíram 35%, e podem descer ainda mais”, diz-nos Tian Yueying. Esta gestora de emissões trabalha com essa empresa de Fuzhou há seis anos e espera mais melhorias.

“Gestor de emissões de carbono” é precisamente uma das novas profissões adicionadas à lista de classificações profissionais em 2022. “Uma das principais tarefas desta profissão é planear o aprimoramento da capacidade de produção da empresa tendo em conta os padrões ambientais locais”, diz Tian.

A empresa, fundada em 2004, se ocupa essencialmente do fabrico de componentes de metal e de galvanoplastia, ambas atividades bastante poluentes e de elevado consumo energético. Com base nas vantagens técnicas da empresa, Tian e sua equipe propuseram a idéia de reciclar as baterias lítio e usá-las como matéria prima. As emissões assim poupadas serviriam assim para compensar as emissões de carbono derivadas da produção de maquinaria. “Isso não apenas aumentou nossas fontes de rendimento, como nos permitiu atingir quotas de emissão mais baixas”, diz Li Junbiao, diretor da Changle Lixing.

Embarcações de pesca numa quinta de aquacultura no condado de Lianjiang, província de Fujian. Foto de Wang Wangwang/Diário do Povo

Numa base de demonstração de abalone no condado de Lianjiang da província de Fujian, Huang Qiming, do centro de transação e serviços de recursos públicos do condado, “vendia” sequestro de carbono. Segundo ele, todos os anos, o mar é capaz de absorver 1/3 das emissões de carbono derivadas da atividade humana através de algas e abalone. Ora o condado de Lianjiang detém precisamente o segundo lugar nacional em termos destes animais e plantas, pelo que possui ricas reservas de sequestro de carbono.

Huang se dedica ao comércio de sequestro de carbono desde setembro do ano passado, altura em que Lianjiang constituiu a primeira plataforma de comercialização de carbono do país. Seu trabalho consiste em emparelhar compradores e vendedores de sequestro de carbono, divulgar políticas relacionadas e registrar informação relativa às transações.

Qiu Bixiang, diretora-geral de uma empresa de produtos alimentares da província de Fujian, falou ao Diário do Povo que, com a ajuda de Huang, sua empresa concluiu sete transações de sequestro de carbono que lhe valeram quase um milhão de yuan.

Segundo dados estatísticos, o sequestro de carbono anual do setor de maricultura em Lianjiang contabiliza cerca de 400.000 toneladas, capazes de gerar um rendimento de 960 milhões de yuan. “Meu trabalho como comerciante de sequestro de carbono é permitir às pessoas disfrutar dos proveitos do desenvolvimento verde” diz Huang.

Residente deposita lixo num contentor inteligente em Ganzhou, na província de Jiangxi. Foto de Hu Jiangtao/Diário do Povo

Já Zhang Ruiyan, de 57 anos, ganha a vida fazendo triagem e reciclagem de recursos. “Os residentes podem entrar em contato comigo na plataforma através desse código”, diz apontando para um código QR que se vê na caixa azul onde carrega os resíduos recicláveis de um complexo residencial de Xiamen, em Fujian. Segundo ele, vender materiais recicláveis é agora tão simples como chamar o serviço de entregas expresso. Os residentes precisam apenas preencher a informação necessária num aplicativo móvel e realizar a transação.

Zhang possui um armazém temporário grande como uma garagem, e é aí que guarda os materiais recicláveis. “Isso foi tudo o que coletei ontem. Por dia, consigo coletar cerca de 1000 quilogramas. Hoje esses resíduos vão ser levados para uma fábrica para serem transformados em bens de consumo diário”, disse ele ao Diário.

Xiamen atingiu já cobertura total em termos de triagem de lixo, com a participação de 97% da população. Mais de 43% do lixo produzido na cidade é reciclado. “O negócio de gestão de materiais recicláveis tem muito futuro. Iremos aumentar o papel dirigente do setor e incentivar o envolvimento ativo de mais entidades e indivíduos” disse um membro do departamento de triagem de resíduos domésticos de Xiamen. 

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