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Relatório do governo brasileiro atribui ataques aos Três Poderes a uma "cadeia de coincidências" e falhas graves na segurança

Fonte: Xinhua    28.01.2023 13h18

O governo brasileiro divulgou nesta sexta-feira um relatório sobre os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro, no qual se constatou que houve uma "cadeia de coincidências", agravadas por graves falhas de segurança que permitirama s invasões e depredações no Congresso Nacional, no Palácio Presidencial e na Suprema Corte.

O relatório foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ajudar a esclarecer o papel desempenhado pelas forças de segurança nos ataques realizados por milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Durante a apresentação do relatório, o secretário executivo do Ministério da Justiça e atual interventor na secretaria de Segurança do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, afirmou que houve uma "conspiração" para tentar derrubar o atual governo, embora tenha reconhecido que "não é fácil provar" a suspeita.

"Na melhor das hipóteses, faltou direção e responsabilidade. Mas o conjunto de coincidências pode configurar algo muito mais grave", comentou Cappelli.

O relatório acusa o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro e que era o secretário de Segurança do Distrito Federal quando ocorreram os fatos, Anderson Torres, como um dos principais responsáveis pelos ataques. Torres está preso em Brasília desde 14 de janeiro.

Segundo Cappelli, Torres "gerou instabilidade" nos órgãos de Segurança de Brasília porque assim que assumiu o cargo, no dia 1º de janeiro, exonerou vários comandantes e permitiu que outros saíssem de férias.

Dois dias antes dos ataques, Torres recebeu um relatório dos setores de inteligência que expunha a existência de "uma ameaça concreta" e antecipava os planos dos seguidores de Bolsonaro de invadir as sedes dos Três Poderes, mas não reagiu à informação.

O interventor explicou que a previsão era deslocar 555 policiais para o centro de Brasília a fim de reforçar a segurança, mas os vídeos daquele domingo indicam que havia menos de 150 agentes.

Além disso, para proteger os edifícios públicos foi instalada uma fileira simples de barreiras, embora o protocolo de segurança aconselhe a colocar barreiras duplas em dias de manifestações, e sua vigilância estava a cargo de cadetes da Academia de Polícia.

O relatório também informou que os policiais que vigiavam a manifestação apreenderam objetos contundentes e máscaras, que "antecipavam uma ação violenta" por parte dos bolsonaristas, mas o dispositivo de segurança não foi reforçado.

Outro ponto do documento entregue ao STF ressalta a atuação "profissional e organizada" dos invasores, vários dos quais usavam radiocomunicadores e se coordenaram para derrubar as barreiras antes da invasão aos prédios.

Segundo Capelli, também será investigada a conduta de policiais deslocados para o dia dos ataques, visto que foram omissos e alguns, inclusive, confraternizaram com os vândalos.

O relatório também especifica que os ataques antidemocráticos depois da vitória do presidente Lula nas eleições de outubro foram planejados no acampamento montado pelos apoiadores de Bolsonaro na frente do quartel-general do Exército em Brasília, onde, na véspera da invasão, concentravam-se em torno de 4.000 pessoas.

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