A Mata Atlântica brasileira, o ecossistema que margeia o litoral do país já perdeu 75,7% de sua cobertura original e resta apenas 24,3% de vegetação nativa, segundo estudo divulgado na quarta-feira pela Mapbiomas, uma iniciativa multidisciplinar integrada por várias ONGs, universidades e empresas de tecnologia.
De acordo com o levantamento realizado pela Mapbiomas, a região, onde vive 70% da população do país, é o quinto bioma mais ameaçado do mundo. Em 1985, quando começou a ser feito o levantamento, a Mata Atlântica mantinha 27,1% de sua cobertura original.
A Mata Atlântica se estende por 17 dos 27 estados brasileiros, sendo que os com menor cobertura nativa em 2021 eram Alagoas (17,7%), Goiás (19,5%), Pernambuco (23,4%), Sergipe (25,5%), São Paulo (28,4%) e Espírito Santo (29,3%).
Nos últimos 37 anos, a agricultura foi a atividade que mais ocupou espaço, avançado 10,9 milhões de hectares. Se em 1985 ela ocupava 9,2% do bioma, em 2021, esse percentual alcançou 17,6%.
Além disso, um em cada quatro hectares desse bioma é destinado ao pasto, segunda maior atividade na região depois da agricultura. São 32,2 milhões de hectares, que representam 24,6% da Mata Atlântica.
Nesse período houve também um forte aumento da urbanização na região do bioma, passando de 674.000 hectares em 1985 para 2,03 milhões de hectares em 2021.
"A preservação do que restou de Mata Atlântica e a restauração em grande escala são essenciais para preservarmos alguma resiliência dessa região ante à dupla ameaça da crise climática e da crescente irregularidade do regime de chuvas, decorrente do desmatamento da Amazônia", comentou Luís Fernando Guedes Pinto, Diretor Executivo da SOS Mata Atlântica.