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Adaptação do Marxismo ao contexto chinês e cooperação para um desenvolvimento compartilhado são destaques na cobertura da mídia brasileira sobre o 20º Congresso Nacional do PCCh

Fonte: Xinhua    18.10.2022 13h45

Desde os preparativos à abertura ocorrida neste último domingo (16), o 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCCh) tem recebido ampla cobertura da mídia brasileira, de grandes a médios e pequenos veículos de comunicação. Da divulgação das informações sobre a estrutura do Congresso à análise da importância política que ele tem para o Brasil e o mundo, uma parte dos veículos de comunicação no Brasil vem tentando aproximar o público brasileiro cada vez mais deste importante processo político chinês.

A adaptação do Marxismo para o contexto chinês, a proposta da China para a criação de um novo modelo de cooperação internacional para um desenvolvimento conjunto compartilhado e as conquistas da nação chinesa nos últimos anos tiveram destaque entre as análises dos jornalistas e especialistas.

Em dois artigos para o site Jornal GGN, o geógrafo e estudioso do modelo econômico e político chinês Elias Jabbour declarou que a adaptação do marxismo à realidade chinesa é a solução para o Partido superar todos os desafios de governança. Ele ainda salientou que o PCCh inaugurou recentemente "a mais avançada engenharia social do mundo".

"Quanto mais longe vai chegando a experiência chinesa, maior o desafio que se coloca a um partido marxista de como exercer o poder político. Os países capitalistas entregam o poder do Estado às classes dominantes, que, por sua vez, transforma seu poder econômico em controle sobre as massas populares, incluindo a violência policial", disse Jabbour. Segundo ele, o PCCh buscou pontuar que esse desafio de adaptação do marxismo à realidade chinesa é a única forma de manutenção de poder no sentido de buscar soluções populares a problemas. "A governança chinesa, neste sentido, consolidou uma forma avançada de gerenciamento social e político que se coloca à frente do capitalismo em diversos aspectos", argumentou Jabbour.

Conforme o especialista, o enfretamento da pandemia de COVID-19 exemplifica esta diferença entre a China e muitos países do Ocidente. "O Partido Comunista da China priorizou a vida humana à economia. Desta forma, os chineses acabaram por construir a engenharia social mais avançada do mundo que foi capaz de se utilizar de grandes avanços tecnológicos, como a plataforma 5G, a inteligência artificial e o Big Data, para construir um grande aparato institucional que salvou milhões de vidas no país", enfatizou.

Para José Reinaldo Carvalho, colunista do site 247, a visão científica dos comunistas sobre o desenvolvimento histórico e as conquistas rumo ao progresso da construção do socialismo estão vinculadas ao desenvolvimento teórico e ideológico da força de vanguarda.

Segundo Carvalho, as forças progressistas no mundo têm diante de si desafios que requerem novos e peculiares caminhos, sem adotar qualquer modelo, ocidental ou oriental. "Decerto, sem dogmatismo nem negacionismo, têm muito a aprender com o Partido Comunista da China. Não cabem dúvidas de que as resoluções do 20º Congresso desse partido serão inspiradoras aos que lutam pelo socialismo no mundo".

Sobre as conquistas da nação chinesa, a jornalista Iara Vidal da Revista Fórum destaca que entre as tarefas realizadas ao longo desse quinquênio está uma das mais extraordinárias da história recente da humanidade: a erradicação da extrema pobreza em meio a mais grave crise sanitária, a pandemia da COVID-19.

"A China neste século XXI, quando começou a pavimentar os caminhos para um novo tipo de desenvolvimento com mais qualidade, em 2000 tinha um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de US$ 959. Mas em 2022, chegou a US$ 10.500", disse Vidal, acrescentando que a China está iniciando uma nova jornada do desenvolvimento com segurança e qualidade.

Vidal ainda ressaltou que a China da Nova Era envia um sinal claro e forte ao mundo: objetiva alcançar a grande revitalização da nação chinesa por meio da modernização ao próprio estilo, ao mesmo tempo que continuará a promover ativamente a construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade. Conforme ela, a China oferecerá novas oportunidades ao mundo com o novo desenvolvimento do país e contribuirá com sabedoria e força para a paz e o progresso da civilização humana. "A China, pela primeira vez na história da humanidade, avançou a modernização em larga escala de maneira pacífica, não bélica e não saqueadora. Abriu possibilidades totalmente novas para o caminho do desenvolvimento humano e injetou continuamente energia positiva no mundo".

Em artigo para o jornal Valor, o professor de Direito Internacional e coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China da FGV-Rio Evandro de Carvalho disse que diferentemente das primeiras décadas das políticas de reforma e abertura, quando o país se abriu para o capital externo, é a China que agora vai para o mundo com os seus investimentos e com suas marcas que ganham reconhecimento global.

"As Iniciativas do Cinturão Econômico da Rota da Seda e da Rota da Seda Marítima do século XXI, visando integrar os mercados da região euroasiática por meio de uma rede de infraestrutura transcontinental, envolvem projetos de cooperação de quase US$ 1 trilhão em investimentos. A América Latina e o Caribe são considerados pelo governo chinês uma extensão natural da Roda da Seda Marítima. O Brasil não participa formalmente desta iniciativa, diferente da maioria dos seus vizinhos. Por isso, no intuito de fortalecer as relações sino-brasileiras, é crucial acompanhar as decisões do PCCh, compreender a China tal como ela é e respeitar as escolhas do povo chinês", indicou o professor da FGV.

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