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Beijing-Tianjin-Hebei: um farol do desenvolvimento chinês

Fonte: Diário do Povo Online    13.09.2022 14h28

Por Lara Vidal

A China iniciou a estratégia de coordenar o desenvolvimento da capital nacional, Beijing, e do município vizinho de Tianjin e da província de Hebei no início de 2014. A proposta é estabelecer um modelo com melhor estrutura econômica, meio ambiente mais limpo e serviços públicos aprimorados.

Uma das principais tarefas da estratégia de desenvolvimento coordenado da região Beijing-Tianjin-Hebei é aliviar a capital nacional das funções não essenciais do seu papel administrativo.

Também conhecido como 'Jing-Jin-Ji' ou “círculo da economia da capital”, o projeto cria um aglomerado de cidades de classe mundial cujo centro está em Beijing. A proposta é que diferentes áreas da região se concentrem nas próprias vantagens e evitem redundâncias e competição entre si, mas, ao contrário, se complementem, promovam sinergia e maximizem os pontos fortes de cada uma.

Atualmente, o PIB combinado de Jing-Jin-Ji representa aproximadamente 10% do PIB total da China e é composto por mais de 100 milhões de pessoas – oito por cento da população da China e três vezes a da megalópole de Tóquio. Além de Beijing e Tianjin, existem 11 cidades na província de Hebei, com toda a região cobrindo mais de 200 mil km2 – mais que o dobro do tamanho da Coreia do Sul.

A economia da região integrada Beijing-Tianjin-Hebei a despeito dos efeitos negativos da pandemia da Covid-19 desde 2020, tem se recuperado de forma constante e garantido a subsistência da população. O volume econômico total de Beijing e Hebei ultrapassou 4 trilhões de yuans.

Em 2021, a região 'Jing-Jin-Ji' alcançou um PIB regional de 9,6 trilhões de yuans. Entre eles, os agregados econômicos de Beijing e Hebei ultrapassaram 4 trilhões de yuans: 4.026,96 bilhões de yuans na capital e 4.039,13 bilhões de yuans na província vizinha, um crescimento de 8,5% e 6,5% superiores ao ano anterior, respectivamente. Tianjin alcançou um PIB regional de 1.569,51 bilhões de yuans, um aumento de 6,6%. Em comparação com 2019, o crescimento médio do PIB em dois anos da região foi de 4,7%, 3,9% e 5,1%, respectivamente.

A empregabilidade durante a pandemia permaneceu estável, com 260 mil novos empregos urbanos em Beijing ao longo do ano, e a taxa de desemprego urbano pesquisado em cada trimestre foi controlada dentro de 5% da meta de regulação. Em Tianjin, 376.200 novos empregos foram criados e, nas cidades de Hebei, 925.100.

A renda dos moradores aumentou de forma constante. A renda disponível per capita dos residentes em Beijing-Tianjin-Hebei foi de 75.002 yuans, 47.449 yuans e 29.383 yuans, respectivamente, um aumento nominal de 8,0%, 8,2% e 8,3% em relação ao ano anterior, respectivamente.

A ideia do desenvolvimento integrado Beijing-Taijin-Hebei já era tratada pela Comissão Nacional e de Reforma do Desenvolvimento (NDRC, na sigla em inglês) do governo chinês desde meados de 2008. Em 2012, o projeto foi oficializado no 12º Plano Quinquenal (2011-2015) do país e nos últimos anos os planos de integração ganharam impulso.

Um exemplo de que a iniciativa tem sido bem sucedida é o aumento do comércio exterior da região, que cresceu 12,5% ano a ano, para 2,35 trilhões de yuans (cerca de US$ 347 bilhões) no primeiro semestre deste ano, de acordo com dados da Tianjin Customs divulgados neste mês de agosto.

O comércio exterior da 'Jing-Jin-Ji' representou 11,9% do total do país nos primeiros seis meses de 2022. Somente em junho, as importações e exportações atingiram 300,1 bilhões de yuans, um aumento anual de 23,96%, com importações no valor de 162,8 bilhões de yuans e exportações atingindo 137,3 bilhões de yuans. De janeiro a junho, o comércio com países ao longo do Cinturão e Rota, a Nova Rota da Sede, manteve um crescimento robusto, de 27,6% ao ano, para quase 930 bilhões de yuans.

Oportunidade para crescer

Um dos beneficiados pela iniciativa de desenvolvimento coordenado foi o empresário Hu Jianlong, sócio-proprietário da Coresense (Tianjin) Eco-Agri Technology. A empresa de inteligência artificial agrícola foi estabelecida em Beijing, em 2014, mas enfrentou altos custos de aluguel e mão de obra.

Ele mudou a sede da empresa para Nova Área de Tianjin Binhai, no município de Tianjin, em 2018, quatro anos após o desenvolvimento coordenado das três regiões geograficamente adjacentes ter sido promovido como uma importante estratégia nacional.

"As políticas favoráveis, custos operacionais mais baixos e amplo espaço de desenvolvimento oferecido pela estratégia me incentivaram a expandir minha carreira em Tianjin", relembrou Hu.

Provou ser a decisão certa. Atualmente, os negócios de Hu se expandiram para mais regiões de nível provincial chinês, com receita anual de vendas superior a 10 milhões de yuans (cerca de 1,48 milhão de dólares americanos).

A empresa de Hu é apenas um dos negócios e projetos lançados na Nova Área de Tianjin Binhai nos últimos anos. Até o final de 2021, a região havia introduzido 4.729 empresas e projetos importantes de Beijing, 14 vezes o número de 2015.

“O programa de integração regional vem ganhando força, trazendo benefícios para indivíduos e empresas em Tianjin, além de injetar vitalidade no desenvolvimento da própria cidade”, observa Hu.

Pesquisa e desenvolvimento de alto nível

O Parque Científico Tianjin Binhai-Zhongguancun, para a qual a empresa de Hu se mudou, foi formalmente estabelecido em novembro de 2016 na Nova Área de Tianjin Binhai.

"Mudei a sede para o parque científico, mantendo o negócio original de inovação em Beijing. O parque científico funciona como uma ponte para introduzir recursos de inovação e talentos de Beijing e para promover a inovação em Tianjin", disse Hu.

O gerente geral da empresa que opera o parque científico, Zheng Yi, explicou que o parque científico usufruiu ao máximo das vantagens políticas de Tianjin e de Beijing e abriu um novo caminho para a inovação científica e tecnológica conjunta das duas cidades.

Após seis anos de desenvolvimento, o parque científico tornou-se o planalto de inovação científica e tecnológica da cidade e atraiu a instalação de mais de três mil empresas, com um capital social total de mais de 140 bilhões de yuans.

Impulsionada pela inovação científica e tecnológica, a Nova Área de Tianjin Binhai, uma importante plataforma para a implementação do programa de integração regional em Tianjin, também se tornou um motor de crescimento com clusters industriais.

A partir de 2021, a área formou quatro clusters industriais principais nos segmentos de tecnologia da informação de nova geração, fabricação de equipamentos automotivos e de máquinas, indústria petroquímica e novas energias e materiais.

Redes de transporte

No processo de integração Beijing-Tianjin-Hebei, a coordenação regional tem se transformado em realidade. O círculo de deslocamento de uma hora basicamente tomou forma na área central das três áreas.

Várias ferrovias de alta velocidade, que inclui a ferrovia intermunicipal Beijing-Tianjin e a ferrovia Tianjin-Baoding, foram abertas ao tráfego. As ferrovias intermunicipais Beijing-Binhai e Beijing-Tangshan, além de uma ferrovia de alta velocidade que liga Tianjin ao novo aeroporto de Beijing, no distrito de Daxing, estão em construção.

Wang Zhiping trabalha em Beijing e mora em Tianjin e sentiu a melhoria na própria qualidade de vida ao ter que se deslocar durante os dias úteis entre as duas cidades. "Agora só levo cerca de meia hora para viajar pela ferrovia intermunicipal Beijing-Tianjin. A integração regional trouxe benefícios reais para nossa vida diária", disse Wang.

Dados oficiais mostram que assim como Wang, cerca de 100 mil pessoas viajaram entre Tianjin e Beijing todos os dias em 2020. A ferrovia intermunicipal Beijing-Tianjin transportou 300 milhões de passageiros em 2020 desde que foi aberta ao tráfego, em 2008.

Mais conectividade também é esperada no mar. Como porta de entrada marítima da região de Beijing-Tianjin-Hebei, o Porto de Tianjin aprimorou a cooperação com os portos vizinhos em Hebei para construir um cluster portuário de classe mundial desde 2014.

Segundo o presidente do conselho da Tianjin Port (Group), Chu Bin, a Tianjin Port estabeleceu laços comerciais com mais de 800 portos em mais de 200 países e regiões, e tem promovido ainda mais a integração da região no desenvolvimento econômico global.

Cidades habitáveis

A região de Beijing-Tianjin-Hebei é uma área ecológica particularmente importante e serve de vitrine para o resto do país. Em 2011, muitas cidades na China sofreram com intensas fumaças, o que desencadeou discussões acaloradas e chamou a atenção da comunidade internacional.

Em 2012, o 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCCh) foi um ponto de virada e representou o catalisador por trás da iniciativa 'Bela China' e da busca por céu azul, água e solo limpos.

Graças à campanha do país "vencer a poluição do ar", a densidade média do principal poluente PM2,5 em Beijing caiu para 33 microgramas por metro cúbico em 2021, de 89,5 microgramas por metro cúbico em 2013, de acordo com o Ministério de Ecologia e Meio Ambiente chinês. Em Taijin, a concentração média PM2,5 cidade passou de 96 microgramas por metro cúbico em 2013, para 39 microgramas por metro cúbico em 2021.

O monitoramento e publicação do índice de qualidade do ar (AQI, da sigla em inglês) foi o primeiro passo. A China promulgou o "Plano de Ação de Prevenção da Poluição do Ar" em 2013. Em 2017, durante o 19º Congresso Nacional do PCCh, foi tomada a importante decisão de vencer a batalha contra a poluição em defesa dos céus azuis.

Ao longo dos anos, o presidente chinês, Xi Jinping, tem enfatizado o avanço da civilização ecológica em muitas ocasiões. "Águas claras e montanhas exuberantes são bens inestimáveis", as palavras frequentemente citadas têm sido um componente-chave dos pensamentos de Xi sobre o progresso ecológico, segundo a Agência de Notícias Xinhua.

Ao discursar na 75ª sessão da Assembleia Geral da ONU em setembro de 2020, o presidente Xi disse que a China pretende atingir o pico de emissões de CO2 antes de 2030 e alcançar a neutralidade de carbono antes de 2060.

Na 76ª sessão da Assembleia Geral da ONU em 2021, Xi anunciou que a China aumentaria o apoio a outros países em desenvolvimento para desenvolver energia verde e de baixo carbono e não construiria novos projetos de energia a carvão no exterior.

Os avanços do 'Jing-Jin-Ji' ilustram os avanços chineses na questão ecológica. Nos últimos anos, Tianjin investiu pesado na melhoria da ecologia da Nova Área de Tianjin Binhai e arredores.

Em 2017, começou a combater 22 mil pequenas fábricas poluentes, localizadas principalmente entre a Nova Área de Tianjin Binhai e a cidade de Tianjin, a cerca de 60 km de distância. Naquele ano foi dado início ao trabalho de proteção em áreas úmidas de 875 km quadrados. No ano seguinte, 2018, começou a construção de uma barreira ecológica verde de 736 km quadrados entre as duas áreas. Também foram restaurados cerca de 153 km de litoral e criados vários parques à beira-mar.

Depois que Tianjin propôs um plano de desenvolvimento para construir a Nova Área de Tianjin Binhai como uma das "cidades gêmeas" junto com a cidade de Tianjin propriamente dita, a região lançou 221 projetos com um investimento total de 573,1 bilhões de yuans em 2021 para melhorar a infraestrutura, a urbanização e os serviços.

O ambiente de vida melhorado atraiu mais pessoas que trabalham na Nova Área de Tianjin Binhai para se estabelecerem. Em 2016, mais de 300 mil pessoas viajavam diariamente entre as "cidades gêmeas" de Tianjin, e o número caiu para cerca de 40 mil em 2021. 

Fonte: Revista Fórum

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