O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, criticou na segunda-feira, perante dezenas de embaixadores estrangeiros, o sistema de urnas eletrônicas utilizado no país e ameaçou não aceitar os resultados das eleições de outubro.

Em um evento no Palácio do Planalto, em Brasília, com mais de 70 embaixadores, Bolsonaro criticou também o Supremo Tribunal Federal: "só quer trazer instabilidade para nosso país e não aceita nenhuma das sugestões das Forças Armadas para as eleições".

Bolsonaro usou ainda um relatório da Polícia Federal sobre um suposto ataque hacker ao sistema eleitoral brasileiro durante as eleições de 2018 que, segundo ele, "poderiam alterar os nomes dos candidatos, tirar voto de um e mandar para outro".

Bolsonaro vem criticando há meses o sistema de urnas eletrônicas utilizado há décadas no Brasil, apesar de todos os testes realizados constatarem sua segurança, e pede a volta do voto impresso, o que foi rechaçado pelo Congresso.

Durante seu discurso, Bolsonaro fez novas insinuações golpistas e disse que o Brasil "só terá paz" se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) adotar medidas para alterar o funcionamento das urnas eletrônicas.

"Nenhum sistema informatizado pode garantir 100% a segurança. As Forças Armadas, das quais sou o comandante supremo, já sugeriram mudanças no sistema eleitoral. Ninguém mais do que nós quer estabilidade em nosso país", comentou.

Ele lamentou também que os observadores internacionais que supervisionarão as eleições de outubro não poderão analisar a integridade do sistema, porque não há voto impresso.

Bolsonaro afirmou que apenas dois países no mundo usam urnas eletrônicas, embora segundo dados do Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Social (Idea Internacional), já em 2015, 23 países votavam em urnas eletrônicas em eleições gerais e outros 18 em pleitos regionais.