Pesquisadores brasileiros identificaram um método que tem o potencial de prever a gravidade da infecção pelo novo coronavírus em pessoas contaminadas, com base na análise do plasma sanguíneo, informou a Agência Brasil na quarta-feira.
A descoberta, feita por membros do Instituto de Química de São Carlos (IQSC), da Universidade de São Paulo, pode servir como ferramenta de triagem no cuidado aos infectados, bem como para prevenir a evolução da doença.
Segundo o estudo, os pacientes infectados por COVID-19 apresentam variações na concentração de seis substâncias encontradas no sangue, chamadas metabólitos, que são o glicerol, o acetato, o 3-aminoisobutirato, o formato, o glucuronato e o lactato.
As análises revelaram que quanto maior o desequilíbrio na quantidade dessas substâncias no princípio da infecção, mais graves eram as condições de saúde desenvolvidas pelos pacientes.
No total, foram analisadas amostras de plasma sanguíneo de 110 pacientes com sintomas gripais que passaram, em 2020, pelo Hospital da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sendo que 57 deles não estavam infectados por COVID-19 e os outros 53 eram casos positivos recentes da doença.
Os pesquisadores observaram que, dos infectados, dez pacientes apresentaram complicações e chegaram a ser internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com registro de duas mortes.
Esse grupo com quadro de maior gravidade apresentou, no início da infecção por COVID-19, variações mais acentuadas na concentração dos metabólitos citados.
Segundo o IQSC, os resultados do estudo podem contribuir para o desenvolvimento de um novo protocolo clínico que poderia ser usado durante o processo de triagem dos pacientes e ajudaria médicos e hospitais a identificarem, já nos primeiros dias de sintomas, pacientes que possam vir a desenvolver a forma grave da COVID-19, permitindo que intervenham para evitar a evolução da doença.
Para validar a técnica, os pesquisadores planejam ampliar o número de amostras de plasma sanguíneo avaliadas e incluir novos grupos, como os vacinados que contraíram a COVID-19, nos próximos passos do estudo. Além disso, eles pretendem incluir informações sobre gênero e idade nas estatísticas.