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A política chinesa de ‘dinâmica Covid zero’ é uma opção pela vida

Fonte: Diário do Povo Online    22.04.2022 09h23

Por José Medeiros da Silva

Um hospital improvisado em Shanghai

Recentemente tenho visto algumas reportagens produzidas pela mídia europeia, especialmente inglesa, francesa e espanhola, sobre a situação do coronavírus em Shanghai. No geral, as reportagens enfocam pessoas com dificuldades de obter comida, pessoas levadas a ‘força’ para ficarem isoladas em hospitais improvisados, prejuízos econômicos, etc. Porém quase sempre esquecem do fundamental: graças a opção do governo central por uma política de ‘dinâmica Covid zero’, a China tem conseguido salvar milhares e, quem sabe, até mesmo milhões, de vida. Principalmente de pessoas mais velhas e de outros grupos humanos mais vulneráveis.

Evidentemente que a política de ‘dinâmica Covid zero’ tem mudado a rotina da sociedade e exigido muitos sacrifícios. Em grandes cidades, como Shanghai, onde os moradores precisam ficar longos dias isolados em suas próprias casas ou em espaços designados pelo governo para tratamento da doença, esses sacrifícios são ainda maiores. Muitos passam por situações realmente desconfortantes e dolorosas, além de terem que muitas vezes enfrentar excessos desnecessários de alguns funcionários ou agentes públicos envolvidos no trabalho cotidiano, quer em atividades de abastecimento, quer nas ações sanitárias concernentes.

Se por um lado a política de ‘dinâmica Covid zero’ traz inquietudes e desconfortos, por outro lado se pode constatar que foi graças ao rigor adotado para o controle da pandemia que a China tem conseguido grandes êxitos. Para isso, basta compararmos o número de óbitos na China, menos de 5.000 nesses mais de dois anos de pandemia, com a de alguns outros países. Por exemplo, em alguns países ricos como os Estados Unidos temos quase um milhão de mortes; na Alemanha, mais de 175 mil; Reino Unido, mais de 170 mil; França, quase 160 mil. Em países em desenvolvimento como o Brasil, são mais de 660 mil e na Índia a cifra já ultrapassou as 520 mil mortes.

A paralização de uma megalópole de mais de 25 milhões de pessoas como Shanghai, revela muitas coisas. Primeiro, que o governo central está determinado a manter a política de ‘dinâmica Covid zero’, independentemente do custo econômico. Segundo, que não se pode descuidar nem um pouco dessa pandemia, pois apesar desses mais de dois anos de aprendizagem muitas variáveis continuam desconhecidas. Terceiro, que certamente essa situação de Shanghai aportará às autoridades do país um conhecimento de um novo tipo, fazendo com que o país se prepare melhor para responder de forma mais eficiente a situações semelhantes. E quarto, que essa precaução do governo tem sido fundamental para salvar vidas, especialmente das pessoas mais velhas, ou seja, justamente a geração que sacrificou sua juventude para que hoje tenhamos uma China mais próspera e confiante.

Pessoalmente, devido ao recente processo de gestação e, agora, de amamentação de nosso casal sino-brasileiro, minha esposa ainda não foi vacinada. Por isso mesmo, sabemos bem da importância dessa determinação do governo em conter a propagação do vírus aqui na China. Para muitos, essa política de ‘dinâmica Covid zero’ pode ser considerada muito rigorosa e até mesmo ‘excessiva’. Para grupos humanos mais vulneráveis como os idosos ou de pessoas em situações especiais, como a minha esposa, essa diretriz do governo central significa proteção, segurança e vida.

 

O autor é o doutor em Ciência Política, professor na Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang 

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