Uma equipe internacional liderada por pesquisadores chineses identificou a via molecular que intensifica a gravidade dos casos críticos de Covid-19, dando pistas para um possível tratamento para desses casos.

O estudo publicado na quarta-feira na revista Science Signaling demonstrou que a fusão de células pulmonares infetadas por coronavírus pode exacerbar as respostas inflamatórias, desencadeando cascatas de sinalização imunológica nos pulmões - um dos principais fatores de danos pulmonares em pacientes com sintomas graves.

Cientistas da Academia Chinesa de Ciências Médicas e do Peking Union Medical College e seus colaboradores analisaram amostras de pacientes post-mortem e detetaram a correlação entre casos críticos de Covid-19 e a fusão de células epiteliais pulmonares, ou pneumócitos, também observada em macacos e em células infetadas com o vírus.

Em seguida, examinaram células renais embrionárias humanas que, ou expressavam a proteína spike do SARS-CoV-2, que causa a Covid-19, ou estavam infetadas com o vírus da estomatite vesicular, carregando a proteína spike.

As células renais acabaram se fundindo e formaram novas células, com múltiplos núcleos e micronúcleos minúsculos, acionando um sensor de DNA nos líquidos celulares. O sensor, por sua vez, recrutou uma proteína que ativa a expressão de genes que codificam interferons do tipo I que seriam esperados para apoiar ainda mais a sinalização inflamatória, de acordo com o estudo.

“Nossos dados sugerem um mecanismo pelo qual pneumócitos fundidos nos pulmões de pacientes com Covid-19 podem aumentar a produção de interferons e outras citocinas, exacerbando assim a gravidade da doença”, disse Liu Xiaoman, co-autor do artigo.