A China organizou a terceira Reunião de Ministros das Relações Exteriores dos países vizinhos do Afeganistão, em Tunxi, província de Anhui, na quarta e quinta-feira. Ministros das Relações Exteriores ou representantes do Paquistão, Irã, Rússia, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão estarão presentes na reunião. Simultaneamente, também será realizado o diálogo dos ministros das Relações Exteriores dos "países vizinhos do Afeganistão mais o Afeganistão", bem como uma reunião do mecanismo de consulta "China-EUA-Rússia+" sobre a questão afegã. As duas últimas reuniões são novas em comparação com as reuniões anteriores dos ministros das Relações Exteriores.
A primeira reunião dos ministros das Relações Exteriores dos países vizinhos do Afeganistão foi realizada em setembro passado, dando formalmente início ao mecanismo de coordenação e cooperação entre os países vizinhos do Afeganistão. Na época, os EUA e seus aliados fizeram uma retirada apressada do Afeganistão. O Talibã afegão voltou ao poder. O país enfrentou vários desafios, incluindo humanitários, de meios de subsistência das pessoas e a crise de Covid-19. Perante tal situação, os países vizinhos do Afeganistão estabeleceram um consenso político para lidar conjuntamente com a evolução da situação no Afeganistão e acreditam que os países vizinhos devem desempenhar um papel único na resolução das suas preocupações legítimas e proporcionar um ambiente externo favorável à estabilidade e reconstrução do país. Esse mecanismo desempenhou um papel importante no período crítico para o Afeganistão pôr termo ao caos e retomar a governança - o que pode ser considerado uma abordagem pioneira.
A reunião dos ministros das Relações Exteriores dos países vizinhos do Afeganistão, organizada pela China, está levando as soluções dos países vizinhos sobre a questão afegã ao próximo nível. Por um lado, insiste em exercer uma influência positiva no desenvolvimento da situação com base no respeito pela independência soberana e integridade territorial afegã. Por outro lado, adere ao recurso ao diálogo e à consulta para resolver as diferenças, numa tentativa de construir o maior consenso possível. Os EUA, como principal responsável pela questão afegã, também participaram de consultas relevantes durante as reuniões, uma prova dos esforços diplomáticos que a China fez como anfitriã, bem como a eficácia do mecanismo.
Este encontro internacional focado no Afeganistão é importante e oportuno. Após a eclosão da crise ucraniana, os EUA e o Ocidente politizaram a questão dos refugiados e tentaram colocar a Rússia em uma posição injusta, alegando admitir um grande número de refugiados ucranianos. Alguns dividem os refugiados em diferentes classes, como se os refugiados ucranianos merecessem simpatia, enquanto que os refugiados do Afeganistão, Oriente Médio e outros países não.
Este foco desequilibrado e duplo padrão tornam a captação de recursos para o Afeganistão ainda mais difícil. Com mais de 24 milhões de pessoas no Afeganistão precisando de assistência humanitária este ano. O apelo da ONU por US$ 4,44 bilhões para financiar o plano de resposta humanitária está fazendo poucos progressos. O alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, afirmou que a situação no Afeganistão também exige atenção política e que os recursos não devem ser esquecidos ou negligenciados, pois a atenção do mundo está voltada para o conflito ucraniano.
A crise humanitária no Afeganistão é um lembrete visual para o mundo de que criar confrontos e impor sanções indiscriminadamente nunca resolverá o problema. Algumas previsões sugerem que, se Washington não suspender as sanções econômicas ao Afeganistão, mais pessoas perderão a vida no futuro devido aos efeitos das sanções do que as que morreram na guerra de 20 anos.
O conselheiro de Estado chinês e ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, enviou um sinal claro na segunda-feira de que a questão afegã se mantém relevante na atual agenda internacional de paz e segurança. O mundo não deve esquecer o Afeganistão, e os EUA, como culpados do problema afegão, não devem deliberadamente ignorar e evitar o país. Claro, não podemos esperar muito dos EUA, um país que dividiu US$ 7 bilhões em dinheiro para salvar vidas que pertence ao povo afegão diante de uma "avalanche de fome e pobreza". Mas deve-se salientar que tem uma responsabilidade maior para aliviar a crise humanitária no Afeganistão e participar nas atividades de reconstrução deste país.
A guerra de 20 anos lançada pelos EUA comprometeu o Afeganistão, enquanto a "solução dos países vizinhos", em prol da estabilidade e apoio ao povo afegão, ofereceu uma nova forma de pensar neste mundo turbulento. Tal não é apenas de significado prático para o Afeganistão, mas também digno de referência para a comunidade internacional.