Uma região russa na fronteira com a Ucrânia declarou o estado de emergência no sábado depois que as autoridades relataram um número crescente de pessoas chegando de duas autoproclamadas repúblicas – Donetsk e Luhansk – na região separatista de Donbass, no leste da Ucrânia, em resposta a ordens de evacuação.
"Dada a tendência de aumento do número de pessoas chegando, consideramos apropriado introduzir um estado de emergência", disse Vasily Golubev, governador da região de Rostov, em uma reunião, segundo agências de notícias russas.
O anúncio foi feito quando a milícia da região de Donetsk disse que as forças armadas ucranianas bombardearam seis áreas povoadas da região, incluindo a maior cidade, Donetsk, na noite de sábado e no início de domingo.
A milícia disse que Donetsk foi bombardeada na manhã de domingo, tendo uma fábrica de produtos químicos como alvo.
A milícia na região de Luhansk avançou que 49 violações do cessar-fogo "cometidas pelas forças armadas ucranianas foram registradas".
"Em algumas deles, armamento pesado foi usado", disse a milícia na plataforma de mídia social Telegram, acrescentando que os ataques do governo ucraniano no sábado atingiram 27 áreas residenciais da república.
Os líderes das duas regiões separatistas no leste da Ucrânia ordenaram na sexta-feira que civis cruzassem a fronteira para a Rússia, acusando o exército ucraniano de se preparar para tentar retomar as regiões à força.
O esforço diplomático para resolver a crise na Ucrânia continua, com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, e seu colega francês, Jean-Yves Le Drian, discutindo o assunto por telefone no sábado.
Equilíbrio de interesses
Lavrov enfatizou a necessidade de garantir segurança igual e indivisível para todos com base no equilíbrio de interesses. Ele alertou que ignorar os direitos legítimos da Rússia em questões de segurança prejudica não apenas a estabilidade da Europa, mas também do mundo.
O presidente francês, Emmanuel Macron, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, conversaram por telefone no domingo.
A ligação, disse o escritório de Macron, representa "o último esforço possível e necessário para evitar um grande conflito na Ucrânia".
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, alertou neste sábado contra adivinhar ou assumir as decisões da Rússia sobre a Ucrânia, depois dos Estados Unidos alertarem novamente sobre uma invasão iminente.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, presente na mesma conferência, também rejeitou as previsões de Washington.
"Não achamos que precisamos entrar em pânico", disse Zelensky a uma audiência de funcionários de alto nível e especialistas em segurança de todo o mundo.
Quanto aos fluxos de fim de semana em território russo, o ministério de emergências do país disse que cerca de 400 pessoas, além de 150 veículos, estiveram envolvidos em operações para receber pessoas que chegam de territórios separatistas.
Os serviços de emergência na região de Donetsk disseram no sábado que mais de 6.600 pessoas foram evacuadas, e a agência de notícias estatal RIA Novosti informou que esses postos de controle estavam recebendo apoio médico e psicológico.
A Otan começou no sábado a realocar funcionários da capital da Ucrânia, Kiev, para Lviv, no oeste do país, e para a capital belga, Bruxelas, para sua segurança.
"A segurança de nosso pessoal é primordial. Funcionários (membros) foram realocados para Lviv e Bruxelas. Os escritórios da OTAN na Ucrânia continuam operacionais", disse um oficial da aliança, sem referir números.