Liras turcas se recuperam enquanto Erdogan anuncia novo plano para proteger economias

Fonte: Xinhua    23.12.2021 15h46

A lira turca se recuperou na terça-feira após uma série de medidas anunciadas pelo presidente, Recep Tayyip Erdogan, para apoiar a economia e proteger as poupanças das variações da moeda nacional.

Nas negociações da manhã, a lira saltou 16 por cento em relação ao dólar americano, sendo vendida a 11 liras por dólar, antes de cair drasticamente para se estabilizar em torno de 13.

A moeda turca em apuros caiu para uma baixa recorde de 18,30 contra o dólar na segunda-feira, uma perda de valor de quase 60 por cento desde o início do ano.

Falando pela televisão depois de uma reunião de gabinete na noite de segunda-feira, Erdogan revelou novas medidas estatais, incluindo compensar as perdas incorridas pelos detentores de depósitos de liras, caso a queda em dólares ou euros exceda as taxas de juros prometidas pelos bancos.

Defendendo sua política de taxas de juros baixas, Erdogan disse que a nova medida incentivará os cidadãos a não converterem suas liras em dólares ou euros, fazendo com que a lira suba até 20 por cento em relação ao dólar.

Enquanto isso, a taxa de subsídio do Estado para o sistema de aposentadoria pessoal será elevada de 5 para 30 por cento para aumentar seu apelo, acrescentou ele.

O Ministério do Tesouro e Finanças divulgou um comunicado na terça-feira sobre o novo esquema de taxa de câmbio para proteger e aumentar a confiança nas poupanças denominadas em liras.

A ferramenta é válida para contas de depósito em lira com vencimento em três, seis, nove e 12 meses e a taxa de juros mínima será a taxa básica de juros do banco central, que é de 14 por cento.

Para cálculos de câmbio estrangeiro, o banco central publicará a taxa de câmbio do dólar às 11:00h, horário local (08:00 GMT) diariamente, segundo o ministério.

As novas medidas surgiram na esteira do aumento dos preços e da disparada das taxas de câmbio, à medida que o governo busca seu "novo modelo econômico", que enfatiza a oposição a altas taxas de juros.

O banco central turco reduziu sua taxa básica de juros em 500 pontos base desde o final do verão, apesar da alta da inflação, levando a lira a mínimos históricos.

Erdogan tem argumentado que altas taxas de juros causariam inflação, prometendo manter as taxas baixas e priorizar o crescimento, as exportações e o emprego.

No discurso de segunda-feira, o presidente turco disse que o resultado de sua nova política econômica será sentido em alguns meses, com uma queda da taxa de inflação anual que atualmente é de 21,3 por cento.

Nos últimos meses, as famílias turcas viram seu poder de compra cair por causa dos aumentos de preços no país dependente de importações.

As pessoas então se voltaram para dólares ou ouro para proteger suas economias do aumento da inflação. Segundo relatos, os turcos mantêm cerca de 280 bilhões de dólares em moedas estrangeiras e ouro em depósitos bancários ou "economias debaixo do colchão".

"Queremos que esses depósitos sejam investidos na economia", observou Erdogan.

Ele rejeitou as especulações de que seu governo pode implementar controles de capital e expressou compromisso com as regras do mercado livre.

Erdogan ofereceu forte crescimento e relativa prosperidade aos turcos desde que assumiu o poder em 2002 como primeiro-ministro, antes de ser eleito presidente em 2018.

Ele se recusou a convocar eleições antecipadas solicitadas pelo partido da oposição, insistindo que as próximas eleições legislativas e presidenciais deveriam ser realizadas em junho de 2023.

Os especialistas reagiram de forma mista ao plano financeiro de Erdogan, questionando se o orçamento do país ou as reservas em moeda estrangeira são fortes o suficiente para sustentar a moeda local.

"Ainda com o objetivo de solucionar os problemas que podem surgir com o aumento do câmbio no curto prazo, o fato de o pagamento da diferença cambial ser feito pelo Tesouro deve ser avaliado em termos de saldo orçamentário", disse Enver Erkan, chefe-economista da Tera Securities de Istambul.

"Se não houver espaço suficiente no orçamento, os bancos e as reservas do banco central também serão fontes de pagamento? Se os bancos assumirem o risco da taxa de câmbio, eles refletirão seus custos em seus empréstimos?", questionou ele em uma nota aos investidores.

(Web editor: Milena Wang, Renato Lu)

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