Desde que ficou surdo devido à administração de medicação inadequada aos dois anos de idade, a vida de Zhang Long tomou outro rumo.
"Ainda consigo ouvir um pouco. Os sons dos carros e as buzinas fora da janela ainda consigo ouvir, mas não consigo ouvir os sons de conversas e campainhas tocando", confessa Zhang.
Aos 36 anos, Zhang Long conta com uma carreira de barista de 12 anos. Ele administra três cafés em Beijing, sendo o principal responsável pela aquisição de grãos e desenvolvimento dos produtos disponíveis nas lojas. A nova loja, perto de Dongzhimen, tem apenas dez metros quadrados. Afetado pela epidemia, o negócio tem sido afetado. No entanto, as cerca de 30 encomendas diárias para entrega de café e algumas dezenas de clientes no seu espaço são o suficiente para ganhar o seu sustento. Com a ajuda de um software de reconhecimento de voz e pedidos por digitalização de códigos, Zhang Long pode cuidar da loja sozinho e comunicar com os clientes e fornecedores.
Zhang Long entrou em contato com o mundo do café na faculdade e foi amor à primeira vista. Após a formatura, ele trabalhou como webdesigner, mas devido à sua paixão pela bebida, acabou mudando de carreira para se tornar barista. As outras lojas de Zhang Long também contrataram funcionários com deficiência auditiva. Ele disse que oferecer oportunidades de emprego para deficientes auditivos era também uma de suas intenções originais quando decidiu abrir um negócio.
Zhang Long disse que seu dia a dia é muito simples: acorda às 8 da manhã, sai pelas 9h30, vai de moto até a loja e começa seu dia de trabalho às 10 horas. Ao meio-dia, manda vir o seu almoço, fecha a loja às 19h30 e regressa a casa para jantar. Os seus dias mudaram há cerca de dois meses, quando nasceu o seu filho. "Minha esposa me deu muito apoio para abrir o negócio. Agora, temos o nosso filho. Ele é a maior motivação para o meu trabalho todos os dias. Às vezes, até quero sair do trabalho mais cedo e ir para casa para estar com ele".
Os dias comuns continuaram, e a criança tornou-se a nova esperança desta família. Zhang Long ainda mantém uma esperança acesa: "Espero que um dia eu possa ouvir a voz do mundo, ouvir meus pais chamarem o meu nome, ouvir meus filhos me chamarem de 'pai'".