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Exposição em Nanjing conta histórias “comoventes” das “mulheres de conforto”

Fonte: Diário do Povo Online    23.09.2021 13h52

Su Zhiliang, um professor da Universidade Normal de Shanghai, na exposição de sábado em Nanjing, província de Jiangsu, mostra evidências dos crimes mostruosos do recrutamento forçado das “mulheres de conforto” pelas tropas japonesas durante a Segunda Guerra Mundial.

A senhora Luo esconde um par de tesouras embaixo de seu travesseiro todas as noites, a única forma de conseguir dormir.

A senhora, nascida em 1922, vive em Chenzhou, província de Hunan. Ela foi uma das muitas forçadas pelo Exército Imperial Japonês a se tornar uma “mulher de conforto” – algo pelo qual o governo japonês nunca reconheceu a responsabilidade.

Luo disse a Liu Guangjian, um funcionário do museu fundado no antigo posto das “mulheres de conforto” em Liji em Nanjing, na província de Jiangsu, que ela nunca poderá esquecer o que aconteceu com ela, e as tesouras afiadas lhe trazem uma sensação de segurança.

 “As vítimas sofreram traumas por toda a vida”, disse Liu, que junto com seus colegas vem rastreando as vítimas desde 2016. “Muitas delas nunca tiveram filhos devido a traumas físicos e psicológicos”.

As “mulheres de conforto” eram forçadas pelo Exército Imperial Japonês a serem escavas sexuais antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Mais de 200.000 mulheres na China e mais de 100.000 na Península Coreana foram forçadas a escravidão sexual, de acordo com o Memorial das Vítimas do Massacre de Nanjing pelos Invasores Japoneses.

Uma exposição entitulada “Os crimes do Sistema Japonês das “Mulheres de Conforto” centrado na China e na Península Coreana” foi inaugurada no memorial no sábado (18). Um grande volume de evidências, incluindo fotos e testemunhos, serão exibidos até abril.

Zhang Jianjun, curador da exposição, disse que as sólidas evidências do sistema das “mulheres de conforto” não podem ser negadas.

 “Nós mantemos a exposição para que as pessoas se lembrem da história, sejam auto-suficientes e mantenham a paz”, disse Zhang.

Su Zhiliang, um professor da Universidade Normal de Shanghai e diretor do Centro de Pesquisa sobre Mulheres de Conforto da universidade, disse que o Exército Imperial Japonês estabeleceu pelo menos 1.000 postos de “mulheres de conforto” na China.

"We have confirmed more than 70 in Nanjing, 172 in Shanghai, 174 in Zhejiang province, 90 in “Nós confirmamos mais de 70 em Nanjing, 172 em Shanghai, 174 na província de Zhejiang, 90 na província de Hainan, 200 na província de Shangdong e outros 200 na província de Hubei”, disse ele. “Mais de 20 províncias e municípios da China tiveram esses postos. Também confirmamos a identidade de mais de 300 vítimas em toda a China, mas apenas 14 delas continuam vivas”.

 “Minha pesquisa é sobre a tragédia e a luta das pessoas ordinárias”, disse Su. “Cada uma delas teve uma história comovente. Seus testemunhos são evidências sólidas da existência das ‘mulheres de conforto’”.

 “Os resultados da pesquisa foram publicados em diversos países, incluindo na Coreia do Sul e nos EUA”, disse ele. “Embora o Japão tenha destruído um grande número de evidências relacionadas às “mulheres de conforto” no período da Segunda Guerra Mundial, ao menos nossos 30 anos de pesquisa recuperaram a história real”.

A questão das “mulheres de conforto” era desconhecida pelo mundo até 14 de agosto de 1991, quando uma vítima da Coreia do Sul contou sua experiência publicamente.

Desde então, pesquisadores publicaram diversos livros sobre a questão e quatro museus foram estabelecidos na China em Nanjing, Shanghai e nas províncias de Heilongjiang e de Yunnan, de acordo com Su.

 “Antes do Exército Imperial Japonês estabelecer o sistema das “mulheres de conforto”, nenhum país poderoso registrou na história a exploração sexual de mulheres como forma de encorajamento e estímulo para os soldados lutarem”, disse Su.

Ele arescentou que as tentativas do Japão nos anos recentes para eliminar qualquer menção à questão das “mulheres de conforto” em seus livros didáticos e negar sua existência mostra que o governo japonês não refletiu completamente sobre o seu passado.

Ele continua recusando a questão “de todas as formas possíveis”, além de não ter pedido desculpas ou compensado as vítimas, disse Su.

Liu, funcionário membro do museu, disse: “As vítimas estão todas velhas e não estão em bom estado de saúde. Estamos correndo contra o tempo para rastrear e registrar as vítimas. A história será conhecida por mais pessoas”.

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