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Quanzhou, uma testemunha da antiga civilização mareante chinesa

Fonte: Diário do Povo Online    28.07.2021 16h52

Por Jiang Bo, vice-presidente do Conselho Internacional de Monumentos e Locais Históricos

Ponte Luoyang, em Quanzhou, também conhecida como Ponte Wan'an, uma obra-prima da arquitetura de pontes antigas. Foto: Luo Xinghan, Diário do Povo Online

O porto de Quanzhou é uma herança histórica do povo chinês e um testemunho da adesão da nação chinesa ao comércio marítimo. Em 16 de julho de 2021, o projeto de indicação do Patrimônio Mundial da China "Quanzhou: Centro de Comércio Marítimo Mundial da China nas Dinastias Song e Yuan" foi aprovado na revisão da 44ª reunião do Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO e foi incluído com sucesso na Lista do Patrimônio Mundial. Até agora, o número total de locais de patrimônio mundial da China aumentou para 56 itens.

A reunião decretou que “Quanzhou: Centro de Comércio Marítimo Mundial da China nas Dinastias Song e Yuan” reflete a estrutura espacial única de uma cidade portuária do período histórico designado. Os 22 locais históricos, que abrangem a estrutura social e os sistemas administrativos, transporte, produção e elementos culturais importantes, juntos contribuíram para a ascensão gradual e para o desenvolvimento de Quanzhou nos séculos 10 a 14 DC, fazendo da cidade um centro marítimo da rede de comércio no Leste e Sudeste Asiático.

Quanzhou era chamada de "Citong" nos tempos antigos e tem uma história de mais de 1.300 anos. Durante as dinastias Song e Yuan, Quanzhou cresceu consideravelmente, graças ao próspero comércio marítimo internacional, apresentando um cenário próspero. Historicamente, os navios mercadores que navegam do porto de Quanzhou para o mar fazem viagens até ao Golfo de Sião, Mar de Java, Estreito de Malaca e até às águas do Oceano Índico e Golfo Pérsico.

"Existem montanhas de especiarias, pedras preciosas, madeiras preciosas, joias de ouro e prata no mercado. Mesmo no centro de especiarias de Alexandria, no mundo mediterrâneo, o volume do comércio de especiarias é inferior a um décimo do Porto de Quanzhou", escreveu Marco Polo sobre o porto durante a sua viagem à China.

Exposição de navios mercadores antigos em Quanzhou. Foto: Xing Han, Diário do Povo Online

Conhecida como a "Lenda da Navegação Oriental", as viagens de Zheng He para o Ocidente (1405-1433) também deixaram uma marca indelével em Quanzhou: em Lingshan, Quanzhou, a "Estela de Zheng He" permanece de pé até aos dias de hoje.

No passado, mensageiros e vendedores do sudeste da Ásia, Pérsia, Arábia, Índia, Ceilão e até mesmo do mundo mediterrâneo aportavam na cidade. O Templo Tianhou de adoração a deusa do mar “A-Má”, o Templo Kaiyuan(Budismo), o Templo Qingjing (Islã), o Templo Panfo (Hinduísmo), o Templo Mani, que originou na Pérsia, o Templo Nestoriano com origens sírias e uma igreja cristã do mundo mediterrâneo. Quanzhou pode ser apelidada de museu das religiões mundiais.

A influência de Quanzhou na história da navegação mundial também pode ser demonstrada a partir da arqueologia subaquática de incontáveis naufrágios. O naufrágio descoberto em Houzhu, Quanzhou, em 1973, datado de cerca de 1277, é um dos primeiros navios de alto mar descobertos até agora na China. O projeto simplificado do navio e a estrutura do compartimento à prova d'água do antigo navio descoberto em Houzhu representam uma conquista notável na história da construção naval antiga chinesa. A tecnologia de compartimento estanque é o maior contributo da China para a navegação mundial. Obviamente, este navio regressou carregado. Dos carregamentos, apenas nas especiarias, podemos ver a prosperidade do comércio marítimo do empório: olíbano, ágar, sândalo, hematoxilina, pimenta, âmbar cinzento... a diversidade demonstra na sua plenitude o plano histórico da antiga rede de comércio marítimo.

Quanzhou está para a Rota da Seda Marítima como Dunhuang está para a Rota da Seda terrestre. Na avaliação da UNESCO e do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, o Antigo Porto de Quanzhou tem um "valor excecional para toda a humanidade", justificando a sua adição à lista de Patrimônio Mundial. 

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