O governo argentino disse nesta terça-feira que estava permitindo a retomada parcial das exportações de carne bovina, 30 dias após suspender os embarques para o exterior a fim de garantir o fornecimento e ótimos preços do alimento básico para o mercado interno.
Depois de se reunir com o presidente Alberto Fernandez e representantes do setor doméstico de carnes, o ministro do Desenvolvimento Produtivo, Matias Kulfas, anunciou que as exportações seriam retomadas após a proibição de 30 dias, mas com um limite máximo de 50 por cento do volume exportado em 2020.
"Este decreto estabelece que as exportações sejam reabilitadas para completar 50 por cento da média das exportações do ano passado. O objetivo será reabilitá-las, mas de forma gradual, cuidando do preço interno, procurando limitar a subida excessiva dos preços internos da carne", disse Kulfas em entrevista coletiva na sede do governo.
Os aumentos nos preços das carnes contribuíram para a alta inflação argentina, que atingiu 17,6 por cento no primeiro trimestre de 2021, de acordo com o instituto de estatísticas INDEC.
No entanto, a suspensão do governo das exportações de carne bovina em meados de maio gerou protestos dos pecuaristas argentinos. Depois de suspender por duas semanas as vendas domésticas de carne bovina, os produtores intensificaram o diálogo com o governo.
Kulfas disse que ficou acertado manter as restrições às exportações de sete cortes específicos de carne bovina até o final do ano, após "diálogo construtivo" com os representantes.
Kulfas ainda anunciou o lançamento do "Plano Pecuária", que visa aumentar a produção de carnes para cinco milhões de toneladas anuais, destinando três milhões para o consumo interno e dois milhões para a exportação.
Luis Basterra, ministro da Agricultura, Pecuária e Pesca, disse que o governo tomou essas medidas porque não quer "a grande oportunidade que o mercado de exportação significa para contrariar o acesso da população aos produtos".
"A maneira de fazer isso é por meio do diálogo, então realmente há uma oportunidade para todos os setores entrarem em uma situação de ganho mútuo", disse ele.
A Argentina é o quinto maior produtor e quarto exportador de carne bovina do mundo, e também um dos maiores consumidores.