As autoridades policiais elevaram nesta sexta-feira para 28 o número de mortos em uma operação da Polícia Civil contra traficantes e o crime organizado realizada na quinta-feira em uma favela da zona norte do Rio de Janeiro e que é a mais letal ocorrida até agora na história do estado.
O secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Allan Turnowski, disse que as vítimas são 27 suspeitos e um agente morto ao ser atingido por um tiro na cabeça. O número é superior ao informado na véspera, quando se falou de 25 vítimas, incluindo o policial.
"O setor de inteligência já confirmou que todos os mortos eram traficantes e 19 deles tinham ficha na polícia", disse Turnowski durante o enterro do agente morto, o inspetor André Frias.
Até agora, a polícia não divulgou oficialmente o nome dos 27 mortos, mas as identidades de 16 das vítimas foram listadas pela Ordem dos Advogados do Brasil da seção Rio de Janeiro, com base nas informações de parentes que reconheceram os corpos no Instituto Médico Legal.
Segundo o portal de notícias UOL, são todos homens, com idades entre 18 e 41 anos, sendo que sete têm até 23 anos. Até a noite desta sexta-feira os nomes de outros 11 mortos não eram conhecidos.
A operação na favela do Jacarezinho começou no início da manhã e durou cerca de nove horas. Áudios e vídeos que circulam nas redes sociais mostraram tiroteios e explosões de bombas de gás em vários pontos da comunidade, que segundo dados da prefeitura, concentra mais de 38 mil moradores e é uma das mais violentas da cidade.
Imagens feitas de helicópteros mostram grupos de bandidos armados fugindo pelos telhados e terraços das casas da favela. Outras imagens mostram poças de sangue nas ruas da favela e um quarto de criança em uma casa onde uma das vítimas teria sido morta.
A operação da quinta-feira causou muito indignação e revolta entre os moradores da comunidade e entidades de defesa dos direitos humanos, entre elas a da Organização das Nações Unidas que pediu uma investigação imparcial para esclarecer os fatos.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, deu prazo de cinco dias úteis para que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, o procurador-geral de Justiça do estado, Luciano Mattos, e outras autoridades fluminenses esclareçam as circunstâncias da operação policial.
A favela do Jacarezinho está dominada pelo Comando Vermelho, a maior facção criminosa do Rio de Janeiro. Diferente de muitas outras comunidades da cidade, que se localizam nos morros, Jacarezinho fica ao lado de uma linha férrea, em uma zona plana na qual os bandidos instalaram várias barricadas, dificultando o acesso das forças de segurança.
De acordo com a polícia, o Comando Vermelho estaria por trás de vários homicídios, roubos de carga e do recrutamento de menores para atuar no tráfico de drogas, razões que teriam levado à organização da operação desta quinta-feira.
Até agora, a operação policial mais letal na cidade tinha ocorrido em 2007, no Complexo do Alemão, um conjunto de favelas na zona norte do Rio de Janeiro, considerado como o reduto do narcotráfico no município, que deixou 19 mortos.
