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Unidade ásio-americana deve ser primeiro passo

Fonte: Diário do Povo Online    06.04.2021 13h38

Por Christopher Tang

Os crimes de ódio contra asiáticos nos Estados Unidos aumentaram 150% no ano passado e esse número segue aumentando este ano. Para combater os crimes de ódio como um grupo minoritário que representa 6,5% da população dos EUA, as comunidades ásio-americanas devem criar uma frente unida e visível que deve ser articulada, mas não provocativa.

Pessoas participam de um protesto para exigir o fim da violência anti-asiática na cidade de Nova York em 4 de abril de 2021.

O atual governo dos EUA respondeu de imediato após o assassinato de seis mulheres de ascendência asiática na Geórgia, quando o presidente dos EUA, Joe Biden, ordenou que fossem hasteadas bandeiras a meio mastro, visitou a Geórgia, falou com os familiares das vítimas e condenou crimes contra asiáticos.

No entanto, é improvável que o combate aos crimes de ódio contra asiáticos ocupe a maior parte da atenção de Biden, devido a uma variedade de questões preocupantes.

Então, o que os ásio-americanos devem fazer? Para criar uma mudança sistêmica, os ásio-americanos devem primeiro mudar a si mesmos.

Em primeiro lugar, estando unidos. Se os ásio-americanos deixarem de lado suas diferenças e se apresentarem aos não asiáticos como um grupo unido, a visibilidade como um grupo será mais significativa. Os números são importantes.

Como os ásio-americanos são um grupo altamente diverso, com cerca de 50 subgrupos étnicos, incluindo chinês, indiano, filipino, japonês, coreano e tailandês, a representatividade de cada subgrupo étnico é muito pequena. Mesmo sendo o maior grupo étnico de ásio-americanos com 5 milhões de pessoas, os chinês-americanos se sentem invisíveis nos Estados Unidos. Apesar dos imigrantes chineses que ajudaram a construir a primeira ferrovia transcontinental dos EUA há mais de 150 anos, os sino-americanos e outros grupos étnicos asiáticos são tratados como "estrangeiros perpétuos".

No entanto, se os asio-americanos puderem se unir como um grupo de 15,5 milhões de pessoas nos Estados Unidos, tanto sua presença quanto uma voz unida serão notáveis e a campanha contra o racismo e a discriminação terá maior peso. Afinal, o termo ásio-americano foi cunhado por Emma Gee e Yuji Ichioka em 1968 justamente para esse fim. Unidos resistimos, divididos fracassamos.

Em segundo lugar, é importante dismistificar os estereótipos. Pessoas de ascendência asiática nos Estados Unidos tendem a ser homogeneizadas pela descrição estereotipada de que "todos os asiáticos são parecidos", embora diferentes grupos étnicos tenham línguas, culturas, heranças e visões religiosas e políticas diversificadas.

Por muito tempo, a percepção comum dos homens asiáticos como "emasculados, fracos e afeminados" e das mulheres asiáticas como "submissas e exóticas" criou questões relacionadas à raça. Muitas vezes, os ásio-americanos são vistos como presas fáceis para crimes como assalto porque são considerados menos propensos a resistir ou relatar tais incidentes, e as mulheres asiáticas experimentam um índice mais alto de violência física, incluindo a sexual.

Além disso, a recente onda de ataques contra asiáticos foi quase certamente desencadeada pelo ex-presidente Donald Trump usando descrições depreciativas da Covid-19 e acusando falsamente a China por inúmeras razões.

O estereótipo do "modelo minoritário" de que os americanos de origem asiática "não enfrentam discriminação séria" também precisa ser desmascarado. Esse mito pode criar uma barreira racial entre os ásio-americanos e os afro-americanos, colocando esses dois grupos minoritários um contra o outro. Desmascarando esse mito, os ásio-americanos podem fortalecer a solidariedade com outras minorias.

Terceiro, ações conjuntas são necessárias. Como um grupo unido, os ásio-americanos devem relatar todos os incidentes de ódio às autoridades e ao stopaapihate.org.

Além disso, os ásio-americanos podem servir à comunidade em geral com amor e cuidado, oferecendo-se para ajudar os idosos e os pobres em locais como bancos de alimentos locais e centros comunitários.

Lutar contra o preconceito é uma longa batalha, mas a união entre os ásio-americanos e os esforços para se comportar como membros íntegros da sociedade em geral é um primeiro passo positivo determinante para o resultado final.

O autor é um professor ilustre da Escola de Administração Anderson da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. 

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