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Boa vontade considerada crucial para as relações sino-americanas

Fonte: Diário do Povo Online    18.03.2021 09h47

Reunião de alto nível representa oportunidade de reforçar confiança na estabilidade, recuperação

Espera-se que Beijing e Washington aproveitem totalmente as oportunidades criadas pelo seu próximo diálogo estratégico de alto nível para mitigar a hostilidade, prevenir crises, consolidar a confiança mútua e, assim, fortalecer a confiança global na estabilidade e recuperação, de acordo com líderes mundiais e acadêmicos seniores.

Eles fizeram a previsão em um momento em que a China e os Estados Unidos são vistos como um par de motores capazes de conduzir o mundo à saída da severa recessão econômica que atravessa. Ele surge também em meio a preocupações com as incertezas que assombram as relações das duas principais economias.

O diálogo estratégico de alto nível, inicialmente proposto por Washington, será realizado na quinta e sexta-feira em Anchorage, Alasca.

O evento reunirá Yang Jiechi, membro do Birô Político do Comitê Central do PCCh e diretor do Gabinete da Comissão de Relações Exteriores do Comitê Central do PCCh, Wang Yi, conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores, Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, e Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA,

A reunião será o primeiro contato pessoal de alto nível entre os dois governos desde que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assumiu o cargo em 20 de janeiro.

A Organização das Nações Unidas disse na terça-feira que espera um "resultado positivo" da reunião.

"Esperamos que a China e os EUA possam encontrar formas de colaborar em questões críticas, designadamente nas mudanças climáticas e na reconstrução do mundo pós-Covid", disse Stephane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres.

"Todos esperamos e encorajamos as duas grandes potências a pensar com cautela antes de decidir que a outra é um adversário", disse o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, em uma entrevista à BBC que foi para o ao ar no domingo. "Não é possível escolhermos um ou outro porque temos laços muito intensos e extensos tanto com os Estados Unidos quanto com a China".

Yuan Zheng, vice-diretor do Instituto de Estudos Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que os ataques de alto nível de Washington contra a China antes do seu diálogo com Beijing "visam aumentar a tensão e suas tentativas de pressionar a China não terão sucesso".

"Os repetidos ataques (à China), por sua vez, traem a falta de confiança de Washington, e tais comentários servem como uma ferramenta de guerra psicológica", disse Yuan.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, disse na quarta-feira que a aceitação da China do convite dos EUA para participar da reunião do Alasca "manifesta nossa boa vontade e sinceridade" em retomar o diálogo e intercâmbio bilateral e melhorar e desenvolver os laços entre os dois países.

Espera-se que Washington se concentre na cooperação, mostrando respeito mútuo, e "administre e resolva as diferenças de maneira construtiva", disse Zhao. Ambos países compartilham responsabilidades no combate às mudanças climáticas e na promoção da recuperação global pós-Covid, disse ele.

"O confronto China-EUA não serve aos interesses da comunidade internacional", acrescentou Zhao.

Reagindo aos resultados de uma pesquisa recente divulgada pela Gallup, relatando um aumento na hostilidade contra a China entre o público dos EUA, Zhao disse que os danos causados pela campanha de difamação massiva da administração anterior dos EUA contra a China "não foram ainda mitigados". O novo governo deve romper com a mentalidade de Guerra Fria e olhar a China e os laços com o país de forma objetiva, disse.

Durante a sua viagem ao Japão esta semana, Blinken tomou uma posição dura em várias ocasiões contra a China em tópicos como direitos humanos.

Em resposta, Zhao disse que a China usará o próximo diálogo para deixar claras as suas posições, e acredita que os EUA estão totalmente conscientes da determinação da China em proteger a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento.

Jia Qingguo, diretor do Instituto de Cooperação e Compreensão Global da Universidade de Beijing, disse que a China manifestou sua disposição de cumprir o princípio de nenhum conflito, nenhum confronto, respeito mútuo e cooperação ganha-ganha, e "esperamos que os EUA acabem respondendo com boa vontade".

Atualmente, a desconfiança "está ainda em alto nível" entre os dois países, e vozes que defendem sentimentos endurecidos em relação à China não podem ser ignoradas nos Estados Unidos, disse Jia.

Para melhorar as suas relações, os dois países enfrentam muitos desafios e dificuldades e, para enfrentar esses desafios, o diálogo e a reconciliação a todos os níveis devem ser retomados o mais cedo possível, afirmou Jia.

Chen Dongxiao, presidente dos Institutos de Estudos Internacionais de Shanghai, disse que a abordagem aos laços China-EUA exige "expectativas realistas" em vez de "esperanças irrealistas", e que ambos os lados deveriam agarrar a chance de diálogo "com um forte senso de urgência".

"Ficar parado por um muito tempo significa perder oportunidades. ... A próxima reunião é uma boa oportunidade para ambos os lados compararem notas e traçarem limites", disse Chen.

Chen sublinhou a importância de garantir o resultado final dos laços China-EUA: evitar que erros de cálculo ou de julgamento levem a conflitos militares.

Xu Bu, presidente do Instituto de Estudos Internacionais da China, disse que, após a posse do governo Biden, as relações entre os principais países iniciaram uma nova rodada de ajustes e que "as relações China-EUA abriram uma janela de oportunidade para acertar as coisas" .

Como membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, tanto a China quanto os EUA têm responsabilidade acrescida pela paz e pelo desenvolvimento mundiais, e a comunidade internacional está acompanhando de perto a trajetória de seus laços, disse Xu. 

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