A China anunciou na sexta-feira uma meta de crescimento de mais de 6% para a sua economia em 2021, retomando a tradição de décadas de lançar uma meta numérica, após não o ter feito em 2020 devido à pandemia de Covid-19, demonstrando a sólida confiança dos principais formuladores de políticas na segunda maior economia do mundo a sustentar uma recuperação robusta, apesar dos riscos internos e externos.
A meta de crescimento de mais de 6% está amplamente em linha com uma previsão geralmente aceita de mais de 8% para o ano. Isso significaria que a economia chinesa voltaria a liderar o mundo na recuperação do impacto da Covid-19, ultrapassando o crescimento de muitas outras economias importantes.
Isso foi revelado no Relatório de Trabalho do Governo disponível para a mídia, na abertura da sessão anual da Assembleia Popular Nacional (APN), na manhã de sexta-feira.
A sessão da APN, que ocorre simultaneamente com a reunião anual do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPCh), conhecida como as duas sessões, é o evento onde são delineadas as prioridades políticas da China para o ano. A meta oficial de crescimento do PIB é um dos anúncios mais assistidos.
Nas Duas Sessões do ano passado, que foram adiadas por 78 dias devido ao surto de Covid-19, a China suspendeu a meta do PIB pela primeira vez em décadas, devido às incertezas decorrentes da pandemia.
A segunda maior economia do mundo se recuperou de uma queda histórica de 6,8% no primeiro trimestre, para registrar um crescimento de 2,3% em 2020, tornando-se a única grande economia a crescer. Outro sinal da recuperação da China na pandemia é que as Duas Sessões deste ano foram realizadas em seu período de tempo convencional.
"A meta de crescimento acima de 6% é alcançável, dada a robusta recuperação econômica ... e confere uma orientação significativa para as políticas macroeconômicas", disse Cao Heping, professor de economia da Universidade de Pequim, ao Global Times, acrescentando que a economia chinesa poderia até crescer entre 8% e 10% em 2021.
Antes do Relatório de Trabalho do Governo, as expectativas do mercado previam que uma meta específica poderia ser pulada este ano devido às expectativas atuais de uma alta taxa de crescimento e outras prioridades de política, mas Cao disse que definir um crescimento do PIB é uma forma muito eficaz de coordenar políticas e várias prioridades.
“Houve discussões sobre se uma meta deveria ser estabelecida ou não. Mas isso é melhor, porque garantiria precisão na política macroeconômica”, disse, acrescentando que dadas as perspetivas econômicas, outras prioridades, incluindo um impulso por alta qualidade do crescimento e a redução do risco não seriam prejudicados.
O FMI projeta que a economia global crescerá 5,5% em 2021, impulsionada pela vacinação da população. As economias desenvolvidas devem crescer 4,3%, com os EUA a crescer 5,1% e a zona euro 4,2%.
