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'Devíamos ter ficado': britânico evacuado de Wuhan se arrepende de ter deixado a China

Fonte: Diário do Povo Online    01.02.2021 13h35

Exatamente um ano depois, a BBC entrevistou no dia 31 de janeiro Matt Raw, um dos primeiros britânicos evacuados de Wuhan, a região outrora mais atingida pela Covid-19 na China. Ele disse que gostaria de “nunca ter apanhado aquele voo” que o levou de volta ao Reino Unido, afirmando que ficaria mais seguro e livre na China.

Matt Raw e seus familiares

Segundo o artigo da BBC do dia 31, quando Matt Raw foi instruído a "deixar Wuhan", ele levou a recomendação a sério. No início, o governo britânico disse que o voo era reservado a cidadãos do país. Isso significava que Raw corria o risco de deixar para trás a esposa, uma cidadã chinesa. Por isso, decidiram ficar juntos na China.

Raw disse que deixou até ferramentas perto da porta, porque queria ir ajudar a construir hospitais em Wuhan no dia seguinte.

Porém, algumas horas antes da partida do avião, o governo britânico anunciou que familiares com passaportes chineses poderiam acompanhar os cônjuges no voo.

Raw disse ter recebido a notícia às 4h da manhã, e o casal rapidamente "pôs algumas coisas em uma mala" e partiu para o aeroporto.

Depois de um ano, ele se arrependeu e reconhece que gostaria de "nunca ter apanhado aquele voo".

Deve se ressaltar que Raw foi entrevistado pela BBC no início de maio. Na altura, a epidemia de Wuhan estava efetivamente controlada. Ele já havia se arrependido, no entanto, disse na altura que “preferia ficar em quarentena no Reino Unido. Os vizinhos são todos amigáveis. Vivemos um dia de cada vez". 

Mas ao ser novamente entrevistado, meio ano depois, Raw se arrepende mais, após o Reino Unido implementar o quarto nível de medidas de controle, ou seja, o confinamento domiciliar. 

"O governo inglês mentiu para nós", afirmou. "Nos disseram para sair de Wuhan, 'volte para a Inglaterra, você estará seguro aqui'".

"Nós estaríamos muito mais seguros e livres se tivéssemos ficado na China. Eles agiram rápida e eficazmente e isolaram as cidades, era a coisa certa a fazer."

Depois de retornar à Inglaterra, Raw e sua família moraram em Knutsford (uma pequena cidade em Cheshire, Inglaterra). Mas ele teve imediatamente um problema de violência cibernética. 

Alguns internautas acreditam que foi o primeiro voo fretado de repatriação a trazer o novo coronavírus para o Reino Unido. Raw disse que tais acusações perduram até hoje. 

"Há pessoas que realmente pensam assim, e isso me dói. Fizemos tudo que podíamos. Só saímos uma vez no ano passado", disse Raw, ainda arrependido da decisão de embarcar no avião. 

"Em Wuhan, morar em um pequeno apartamento por dois ou três meses era desconfortável, mas eles derrotaram o vírus e a vida voltou ao normal", afirmou Raw. "Quem me dera (não ter apanhado o avião), mas antes poder ir ajudar a construir o hospital (Huoshenshan). Agora, tenho a minha casa pequena e o meu pequeno lago com peixes em Cheshire, mas estamos presos aqui. É nossa prisão". 

Já se passou um ano desde que Wuhan bloqueou a cidade. A pandemia mudou profundamente a forma como muitos chineses veem o mundo, expondo a fragilidade dos sistemas e formas de pensar em certos países ocidentais que apregoavam a "democracia e liberdade". 

Ao apertar o botão stop em uma cidade com uma população de mais de 10 milhões, Wuhan fez um enorme sacrifício e efetivamente atrasou a propagação da epidemia. O que deixa as pessoas desiludidas é que a cidade foi primeiro "estigmatizada" e depois considerada pela mídia estrangeira como uma "janela" de "propaganda política" do governo chinês. Isso, contudo, não impede que o sorriso retorne aos rostos dos cidadãos de Wuhan. 

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