Por Fátima Fu e Renato Lu
Em 2020, a súbita epidemia de Covid-19 alastrou-se a todo mundo, interrompendo o trabalho e o quotidiano das pessoas. Para conter a propagação e a disseminação da epidemia, todos os países adotaram medidas de prevenção epidemiológica, como o encerramento de fronteiras e de espaços públicos, a diminuição de atividades sociais e o apelo ao confinamento. No entanto, muitos artistas de rua sentiram particularmente os efeitos adversos da crise económica e de todas estas medidas. A Dona Rosa, uma fadista portuguesa, é uma delas.
“O primeiro período de confinamento foi muito difícil para mim. Sentia-me sozinha e deprimida porque não conseguia sair de casa para cantar, nem entrar em contacto com as pessoas. A minha televisão não estava a funcionar e deixei de poder acompanhar as notícias e as novelas”, disse Dona Rosa ao Diário do Povo Online em uma entrevista por escrito.
A fadista, com 63 anos de idade, é uma famosa cantora invisual de Portugal, obtendo o seu sustento cantando nas ruas há muitos anos. Devido à pandemia, deixou de poder exercer a sua atividade.
Depois de tomar conhecimento da situação, a editora da cantora, Jaro Medien, lançou uma campanha de doações através da venda de álbuns online, com o objetivo de ajudá-la financeiramente. O parceiro da Jaro na China, Stallion Era Beijing Culture Communication Co., Ltd, decidiu participar na campanha.
“Nós queremos ajudar a D.Rosa. Após ponderação, decidimos permitir aos amantes do fado e aos fãs da D.Rosa participar na doação através da venda online do álbum", disse Liu Zhao, da Stallion Era Beijing Culture Communication.
Em 2017, Liu Zhao foi responsável pela organização da primeira turnê da D.Rosa na China. "Havia poucas pessoas que conheciam o Fado na altura, mas quisemos apresentar à China essa expressão musical com um contexto cultural e artístico distinto".
Liu disse ao Diário do Povo Online que muitos fãs chineses conheceram a cantora durante a turnê e ficaram comovidos com a sua voz . Ao saber da campanha, um fã chinês comprou 80 álbuns, pedindo para transferir o dinheiro à beneficiária, para a ajudar a superar as dificuldades.
Segundo Liu, a campanha de doações foi realizada através da venda de um álbum digital online, com cinco músicas de Rosa, intitulado “Que o Amor Ilumine o Amanhã”. O preço de álbum foi de 20 yuans. O evento acabou vendendo 380 álbuns, e todo o dinheiro arrecadado foi transferido para a D.Rosa através da Jaro.
Depois de receber a doação, a cantora ficou emocionada e gravou um vídeo especialmente para agradecer aos fãs chineses. "Estou, em primeiro lugar, a agradecer por ter ido cantar à China, que gostei imenso. Em segundo lugar, estou a agradecer a vocês todos da China em me estarem a ajudar nesta situação mundial, que senti, ao não poder ir sequer trabalhar para a rua. "
Com o gradual desconfinamento em Portugal, a situação da visada melhorou. Ela referiu que o apoio que recebeu lhe trouxe segurança e expressou a gratidão aos fãs e amigos chineses: "Embora Portugal e a China estejam longe, houve muitos amigos chineses dispostos a ajudar-me, muito obrigada!".
Sobre as impressões da China, Rosa confessou: "Todas as memórias que guardo da China são inesquecíveis. Todos foram muito gentis. Gosto da comida chinesa, da fragrância dos jardins e do espírito dos chineses. Se houver oportunidade no futuro, espero voltar à China para cantar!"
