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Memórias da luta contra o terrorismo em Xinjiang

Fonte: Diário do Povo Online    19.06.2020 09h37

Documentário sobre o combate ao terrorismo em Xinjiang: https://youtu.be/S2yWUopabvE

"Algumas feridas nem o tempo pode curar", disse Xia Yeling, psicóloga de Urumqi. Na última década, ela tem atendido centenas de pacientes que sofrem de transtornos relacionados com estresse pós-traumático devido aos distúrbios de 5 de julho de 2009 na capital da Região Autônoma de Xinjiang. O episódio de terrorismo resultou em 197 mortes e mais de 1.700 feridos, mergulhando a cidade em choque e pânico, e deixando cicatrizes indeléveis no coração dos sobreviventes e testemunhas.

Os traumas infligidos por seres humanos são mais difíceis de curar do que aqueles causados por desastres naturais, de acordo com Xia, porque a confiança entre as pessoas se deteriora em meio à violência.

Entre 1990 e 2016, milhares de ataques terroristas assolaram a vasta área de Xinjiang. Várias vidas inocentes se perderam em atentados e tiroteios. Para os sobreviventes, as consequências psicológicas podem assemelhar-se às das próprias vítimas. Xia confessou à CGTN que aqueles que sofrem de estresse pós-traumático (TEPT) variam entre estudantes do ensino médio a idosos com mais de 80 anos.

Quando os sintomas do trauma não desaparecem, as pessoas não têm outra alternativa senão seguir em frente. Mirexmetjan Rozi, um sobrevivente do assassinato da Mesquita Id Kah, ocorrido em 30 de julho de 2014, nunca voltou à mesquita situada no centro da cidade de Kashgar. Naquele dia, três terroristas apareceram, afastaram-no e degolaram o imã Jume Tayir. Ele não conseguiu salvar o imã após ter sido esfaqueado na coxa e sofre com esse episódio desde então. "Só de pensar nisso tenho suores frios e vontade de chorar".

A mais de 800 quilômetros de distância, Dilqemer Tursun, testemunha e sobrevivente dos ataques à bomba no condado de Luntai, em setembro de 2014, está ajudando a comunidade como terapeuta de reabilitação. Aos 21 anos, ela perdeu a perna devido a uma explosão enquanto fazia compras com sua família. "Ouvi meu sobrinho chorando e minha mãe gritando por socorro. De repente estava a olhar para a minha perna decepada", recordou. Meses depois desse episódio, confessa não ter conseguido dormir, sendo atormentada por pesadelos.

Para ela, há um sentimento conflituoso de ódio e perdão para com o terrorista. "Eles devem ter sofrido uma lavagem cerebral pelos vídeos violentos. Acho que também são vítimas".

Dilqemer vive com este trauma, na esperança de obter uma carteira de motorista e comprar um carro um dia. Seu maior sonho é comprar uma casa maior para toda a família.

Enquanto os residentes pagam caro pelo terrorismo na região, os que estão na linha da frente enfrentam constantemente ameaças de morte. Enquanto a polícia lida com aqueles que usam armas, que variam entre bombas caseiras e AK-47, muitos colegas perdem a vida no cumprimento do dever.

Em abril de 1998, o policial Long Fei morreu durante um ataque a uma casa na prefeitura de Yili, suspeita de abrigar um esconderijo de armas. Ele era um líder de uma equipe que liderou o ataque ao esconderijo. O maior insulto à sua memória foi que a arma de Long foi roubada por um terrorista que fugiu e que mais tarde a usou para matar dois policiais, chamados Kong Yongqiang e Nurtay Anwerbeg, dois meses depois. Durante o ataque, o terrorista foi baleado enquanto tentava escapar através de uma janela.

O sacrifício dos três policiais não foi em vão. O policial aposentado Abduraxman Peyzi disse que havia dado a vida pela estabilidade de Xinjiang.

Devido ao caos na região, o simples fato de ser policial faz deles um alvo. A filha de Xudaberdi Toxti viu terroristas matando seu pai, policial, e o irmão, quando tentou salvar o pai. Ela diz que sente ainda desconforto quando vê pessoas vestidas de vermelho, fazendo com que recorde o sangue que viu na época.

Estes ataques contra pessoas comuns e policiais levaram ao reforço da segurança na região, à medida que todo tipo de ataques violentos se tornaram mais prevalentes. Yalqun Yaqup, vice-diretor geral do Departamento de Segurança Pública de Xinjiang, disse em uma entrevista à CGTN que os métodos dos terroristas se tornaram cada vez mais "brutais", pois fazem uso de tudo: desde espadas e armas a atentados bombistas suicidas. Ele mostrou pela primeira vez à CGTN um lote de 5.000 granadas caseiras apreendidas em 1999 pelo grupo terrorista "Kuresh", bem como 15.000 armas apreendidas em 2006, algumas das quais contrabandeadas do exterior.

Na luta contra estes "terroristas violentos", Yalqun Yalqup disse que os agentes da lei estão fazendo todos os possíveis para combater o terrorismo desenfreado, alimentado pelo extremismo.

O objetivo do nosso documentário é que as pessoas compreendam a gravidade da violência existente na região oeste da China e homenagear aqueles que perderam a vida, bem como os sobreviventes na luta contínua contra este tipo de ideologias perigosas que resultam na morte e no desespero.

 

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