Especialistas globais em saúde condenam conspiração do vírus contra cientistas chineses

Fonte: Diário do Povo Online    20.02.2020 11h04

Médicos de Shanghai estão ocupados com seu trabalho no Hospital Wuhan Jinyintan. [Foto fornecida pela conta de WeChat Xinmin Evening News]

Numa carta aberta publicada na revista médica britânica Lancet na terça-feira (18), um grupo de especialistas em saúde de todo o mundo condenou teorias da conspiração envolvendo o contagioso coronavírus, que eclodiu em Wuhan, no centro da China, e expressou apoio aos trabalhadores chineses da área de saúde.

"Assinamos esta declaração em solidariedade com todos os cientistas e profissionais de saúde na China que continuam a salvar vidas e a proteger a saúde global durante o desafio do surto do Covid-19", dizia a carta.

Na carta, os especialistas em saúde condenaram teorias da conspiração que sugerem que a pneumonia causada pelo novo coronavírus, ou COVID-19, não é de procedência natural.

Consta que "cientistas de vários países publicaram e analisaram genomas do agente causador, síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SARS-COV-2), e concluem esmagadoramente que este coronavírus se originou na vida selvagem, assim como muitos outros agentes patogénicos emergentes".

Desde o surgimento da pneumonia causada pelo novo coronavírus, nomeado COVID-19 pela Organização Mundial de Saúde, rumores e desinformação têm ocultado a verdade sobre a doença.

Um dos rumores amplamente circulados foi visto em um artigo do Washington Times em 24 de janeiro, que alegou que o vírus era parte do programa de armas biológicas chinesas baseado no Instituto de Virologia de Wuhan.

O Instituto abriga o primeiro laboratório de biossegurança da China, que estuda os agentes patogênicos mais perigosos do mundo, incluindo o Ebola, a febre de Lassa e o vírus de Marburg.

Houve também um artigo indiano alegando que os cientistas tinham inserido artificialmente genes do vírus HIV no coronavírus, tornando-o assim suscetível a tratamentos anti-HIV.

O artigo foi amplamente citado pelos meios de comunicação da conspiração como prova de que os cientistas chineses tinham projetado o vírus e que ele tinha escapado do Instituto de Virologia de Wuhan.

A carta foi assinada por 27 peritos em saúde de oito países, incluindo Jeremy Farrar, um pesquisador médico britânico, e Jim Hughes, um especialista em doenças infecciosas que trabalhava anteriormente para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

A carta dizia que cientistas chineses e profissionais de saúde "trabalharam diligentemente e efetivamente para identificar rapidamente o patógeno por trás do surto, colocaram em prática medidas significativas para reduzir seu impacto, e compartilhar seus resultados de forma transparente com a comunidade global de saúde".

"A partilha rápida, aberta e transparente de dados sobre o surto está sendo ameaçada por rumores e desinformação em torno das suas origens", enfatizava a carta.

Uma petição para difundir a conscientização da carta e sua agenda começou em Change.org na quarta-feira e esteve perto de atingir seu objetivo de 500 signatários a partir de 6:30pm no mesmo dia.

(Web editor: Renato Lu, editor)

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