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Oportunidades na crise: nova economia da China sob o surto do coronavírus

Fonte: Diário do Povo Online    19.02.2020 11h14

O novo coronavírus abalou a economia da China, porém, esta situação pôs em evidência algumas oportunidades.

A epidemia mudou os hábitos de vários consumidores, fazendo com que o comércio eletrônico, consultas médicas online, aulas online, “escritórios remotos”, entretenimento online e outros novos formatos de economia digital se tenham tornado parte do quotidiano do povo chinês, durante o período de prevenção e controle do novo coronavírus.

Em uma altura em que a maioria do país permanece em casa, a demanda por serviços de entrega ao domicílio aumentou significativamente. Considerando os dados históricos, o volume de vendas de frescos no comércio eletrônico na estação do Ano Novo Chinês costuma ser mais baixo que no resto do ano, mas 2020 viu uma alteração a esta tendência, devido à epidemia. Fenômenos como a compra online de alimentícios, produtos para o lar, e competição para agarrar promoções online a meio da noite têm sido um hábito. Por este motivo, as plataformas que providenciam estes serviços não têm tido mãos a medir.

O setor de saúde, como seria de esperar, é o que mais tem tido capacitado para poder dar resposta às necessidades da população. As plataformas online no Hospital Xiehe de Wuhan, Hospital Tongji de Shanghai, entre outros, têm garantido consultas online para as populações. Empresas ligadas ao setor da medicina, como a AliHealth, Ping An Good Doctor e Lilac, lançaram também serviços de consultas gratuitas. De acordo com dados do AliHealth, em 30 de janeiro, o número cumulativo de pacientes requisitando clínicas online superou os 2,8 milhões, o número de médicos ultrapassou os 1,000, e a média diária de médicos que participam em consultas gratuitas online foi superior a 100.

Com o adiamento do início das aulas nos vários níveis de ensino, o espírito de “parar as aulas mas não parar de estudar”, levou a que várias escolas e instituições de ensino tenham recorrido a várias empresas de educação online para garantirem novas cooperações, dando início a aulas online. Os pais, ansiosos por não poderem mandar as suas crianças para instituições de ensino, passaram a recorrer à educação online.

 “Reuniões online” e “escritórios online”estão a tornar-se a prioridade. De acordo com dados lançados pela Dingtalk, uma plataforma de escriório online desenvolvido pela Aligroup, alguns dias após o início do Festival da Primavera, mais de 2 milhões de organizações corporativas levaram a cabo a gestão da informação do estado de saúde de seus colaboradores online, e cerca de 200 milhões de pessoas passaram a participar de conferências online.

Algumas indústrias dependem profundamente do offline, como a imobiliária, automotiva, catering, turismo, entretenimento offline, etc, tendo sido amplamente afetadas. Muitas delas tentaram recorrer ao online para superar as dificuldades. No setor imobiliário, alguns consultores de propriedades passaram a fazer apresentações de espaços físicos através da internet. No setor de catering, a solução passa pelas entregas ao domicílio. Muitas destas empresas fazem a transmissão ao vivo da preparação das refeições, cultivando uma imagem positiva da marca e solidificando a sua imagem junto dos consumidores.O turismo segue a mesma lógica, possibilitando “visitas guiadas” pela internet, onde vários espaços históricos são apresentados com recurso às novas tecnologias.

Sun Baowen, professor na Universidade Central de Finanças e Economia acredita que, depois de controlado o surto, a “governança moderna” irá acelerar as alterações da “governança tradicional”, e que esta situação acelerará a construção de cidades inteligentes. A situação atual incentiva o desenvolvimento da gestão de transportes, da cadeia de fornecimento logístico, preparo para situações de emergência, rastreamento de informação e gestão urbanística. A vida dos chineses passou de uma transição “forçada”, ainda que temporária, do paradigma físico para o paradigma digital. Algumas cidades passarão a recorrer à inteligência artificial para prever crises, recorrendo ao big data. Os estudos de análise aos dados da situação epidêmica possibilitará uma mobilização mais suave em futuros casos semelhantes.

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