“Como a minha vida está em contagem regressiva, faço desesperadamente uso de cada minuto que me resta”, afirmou Zhang Dingyu, presidente do Hospital Jinyintan de Wuhan, capital da província de Hubei.

Zhang, de 57 anos de idade, foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica, doença que ataca as células nervosas que controlam os músculos, em outubro de 2018, sendo que tem vindo a trabalhar com mais de 600 outras pessoas no hospital há um mês, desde que foram reportados os primeiros casos de pneumonia causados pelo novo coronavírus.

“Todos os meus colegas sabem do meu temperamento impetuoso”, afirmou em uma entrevista recente ao jornal Hubei Daily. “Tornei-me mais impaciente porque não me resta muito tempo na minha vida”.

“Os músculos das minhas pernas estão mais frágeis por causa da doença, e o meu corpo irá começar a perder sensações gradualmente... Tenho que correr contra o tempo para terminar missões importantes. Tenho de correr mais rápido para conseguir ajudar mais pacientes afetados por esta pandemia crítica”.

No mês passado, Zhang passou a ir dormir pelas 2 da manhã, acordando 2 horas depois para responder a uma torrente de chamadas sobre emergências de pacientes.

O que torna as coisas mais complicadas é o fato da sua esposa ter sido infetada pelo coronavírus enquanto trabalhava em outro hospital de Wuhan. Entretanto recebeu tratamento e está recuperando.

“Lembro-me que foi a 13 de janeiro. Eu fui para casa muito tarde e falei com ela sobre um paciente que estava com problemas respiratórios”, disse ele. “A minha esposa disse-me que tinha os mesmos sintomas”.

Ele disse sentir-se culpado quando foi confirmado que sua esposa também havia sido infetada.

“Talvez seja um bom médico mas não sou um marido qualificado”, disse Zhang, acrescentando que estavam casados há 28 anos e que tinha receio de a perder.

Zhang estava apreensivo em dezembro, após alguns casos de pneumonia terem começado a ser relatados, sem motivo aparente,