Opinião: amizade tradicional China-Portugal irá refletir-se na cooperação da iniciativa “Um Cinturão, Uma Rota”

Fonte: Diário do Povo Online    24.04.2019 11h09

Por Yi Fan

A Rota da Seda e os descobrimentos portugueses são considerados pioneiros da globalização, sendo que a China e Portugal são, deste modo, considerados os promotores deste processo.

Monumentos aos Descobrimentos Portugueses

A inclusividade e a abertura são características comuns das duas culturas. Ambos países mantiveram contactos um com o outro ao longo de mais de 500 anos. Os resultados dessa comunicação beneficiaram ambos países e seus povos. Dando entrada em uma nova era, a parceria estratégica integral sino-portuguesa tem vindo continuamente a alcançar resultados positivos, a qual se traduz numa fundação sólida para a cooperação no âmbito da iniciativa “Um Cinturão, Uma Rota”.

Este ano é assinalado o 40º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e Portugal. Durante os últimos 40 anos, as relações entre os dois países têm vindo a desenvolver-se de modo sólido e acelerado. Este ano comemora-se também o 20º aniversário do retorno da administração de Macau à China.

Os dois países demonstraram perante o mundo que a consulta e o diálogo são ferramentas eficientes para alcançar consensos e resolver questões legadas pela história. Em 2005, foi estabelecida uma parceria estratégica global e as relações bilaterais entraram numa via rápida de desenvolvimento.

Em dezembro do ano passado, o presidente chinês Xi Jinping realizou uma visita de Estado a Portugal, reforçando o ímpeto de desenvolvimento nas relações bilaterais.

A frota do almirante Zheng He

No que concerne à cooperação do “Cinturão e Rota”, as origens do relacionamento de Portugal com a iniciativa podem ser traçadas até ao século XV. Por essa altura, o almirante chinês Zheng He alargava os horizontes da antiga Rota da Seda Marítima, atingindo o leste da costa africana, onde depois viria a chegar Vasco da Gama, após cruzar o Cabo da Boa Esperança. 

Durante a visita de Xi a Portugal, Portugal tornou-se um dos primeiros países europeus a assinar um documento de cooperação com a China no âmbito da iniciativa “Um Cinturão, Uma Rota”.

Devido à sua localização geográfica única, Portugal foi designado por Xi como o “ponto de interseção entre a Rota da Seda terrestre e a Rota da Seda Marítima”. Prefigura-se que as relações entre os dois países sob o enquadramento da iniciativa alcancem uma situação favorável de promoção mútua.

A cooperação pragmática entre os dois países pode ser descrita como mutuamente benéfica, sendo que ambos os países retiram benefícios desta. Setores como economia, comércio, investimento, energia, oceanos, ciência e tecnologia, educação e turismo, todos testemunharam um crescimento. Portugal foi também o primeiro país da UE a estabelecer uma “parceria azul” com a China, a qual serviu de percurssor para um acordo firmado com a UE neste domínio. Portugal foi o primeiro país europeu no qual um grande banco local (Millenium BCP) passou a emitir cartões UnionPay, e tornar-se-á em breve o primeiro país da zona euro a emitir títulos de dívida em RMB.

António Costa, o primeiro-ministro português, escreveu recentemente um artigo no Financial Times onde destaca que empresas portuguesas e chinesas haviam selado acordos de cooperação para implementação de tecnologia 5G, deixando o apelo à Europa para não recorrer a arbitrariamente a pretextos de questões de segurança para barrar o investimento chinês. A cooperação sino-portuguesa em mercados terceiros em África e na América Latina está também avançando. O investimento estratégico de longo prazo de empresas chinesas ajudou Portugal a emergir da críse de dívida soberana, e contribuiu para o desenvolvimento económico e social do país. Ambos a China e Portugal são favoráveis à interconectividade entre a China e a UE, sendo que o potencial de cooperação bilateral na iniciativa do Cinturão e Rota é vasto.

Em termos de intercâmbio cultural, a China e Portugal complementam-se e podem aprender um com o outro. Os portugueses consideram que Catarina de Bragança, após rumar a Inglaterra para casar com Carlos II, promoveu o chá no país insular, que se viria a popularizar até aos dias de hoje. Dos Lusíadas ao Livro do Desassossego, a literatura portuguesa conta com várias marcas da cultura chinesa. Na China, a cidade histórica de Macau, onde o estilo sino-português predomina, está listada como património mundial. Chen Xiaoqing, o realizador de “Sabores da China”, elencou pratos de fusão como a “galinha à africana” macaense como um bom exemplo de cruzamento gastronómico. Se por um lado um elevado número de treinadores portugueses de futebol se encontram na China e a prevalência dos pastéis de Belém nas ruas da China é inequívoca, em Portugal vive-se uma “febre da China”, com cada vez mais turistas chineses a visitarem o país, ilustrando o dinamismo do intercâmbio cultural.

O presidente Marcelo Rebelo de Sousa irá visitar a China, a convite do presidente Xi Jinping, onde participará no 2º Fórum do Cinturão e Rota para a Cooperação Internacional e realizará uma visita de Estado. Esta visita irá incrementar o desenvolvimento da parceria estratégica global entre a China e Portugal, na base da sua tradicional amizade de longa data.

(O autor é observador dos assuntos internacionais) 

(Web editor: 鲁扬, editor)

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