Beijing, 13 dez (Xinhua) -- O objetivo da China de se tornar um importante player de aviação está injetando ímpeto e oportunidades na indústria de aviação mundial.
O país está enviando sinais claros de que busca a cooperação de ganhos recíprocos com o mundo e que tem dominado importantes tecnologias.
SALTO DE PROGRESSO
"Diversos avanços tecnológicos críticos elevaram a capacidade da China em equipamento de aviação para um novo patamar", disse Yang Wei, acadêmico da Academia Chinesa de Ciências e vice-presidente da Aviation Industry Corporation of China (AVIC).
A China mostrou suas conquistas no setor na China Airshow 2018, em Zhuhai, Província de Guangdong (sul), em novembro.
O evento bienal é uma reunião de todos os principais players da área no mundo, como a Boeing, Airbus, Honeywell, Rolls-Royce, Pratt & Whitney e Safran, entre outros.
O sistema de controle do empuxo vetorial (TVC, na sigla em inglês) para o caça J-10B, independentemente desenvolvido pelo país, o caça J-20, o transportador militar Y-20 e as séries da aeronave não tripulada Wing Loong foram exibidos.
"Eles mostraram os avanços dos profissionais nas áreas de desenvolvimento de aeronaves e motores, assim como das equipes de voos de teste", disse Yang, que também é o projetista-chefe do J-20 e chefe do projeto J-10B TVC.
As pessoas do setor vindas de todo o mundo testemunharam manobras post-stall, como volta "J", "folha cadente" e "cobra Pugachev" apresentadas por um J-10B equipado com o sistema TVC.
A gigante AVIC, de propriedade estatal, exibiu 134 produtos, incluindo 37 pela primeira vez.
Além disso, o avião regional de turboélice Modern Ark 700, independentemente desenvolvido pelo país, a série de helicóptero AC e o helicóptero armado Z-10 também marcaram presença no show aéreo.
A família Wing Loong, estrela no mercado militar mundial, inclui a Wing Loong I, Wing Loong II e a Wing Loong I-D.
Aquela foi a primeira exposição pública da Wing Loong I-D, que tem uma fuselagem feita completamente de materiais compostos.
"A aeronave não tripulada Wing Loong foi desenvolvida pelo Instituto de Design e Pesquisa de Aeronaves de Chengdu (CADI), subordinado à AVIC", disse o projetista-chefe Li Yidong. "Projetamos esta série com base na experiência de longo prazo no desenvolvimento de aeronaves tripuladas de alta categoria e entendemos as necessidades dos clientes internacionais por cooperação profunda."
MERCADO ÚNICO
Aos olhos dos líderes da indústria de aviação do mundo, a abertura contínua da China a tornou "o mais animador mercado e mais importante player do mundo".
"A indústria de aviação civil da China é bastante única", comentou John Bruns, presidente da Boeing China. "A Boeing está muito honrada em testemunhar e apoiar o seu crescimento, e construímos uma parceria estratégica criativa, de cooperação de ganhos recíprocos."
Levou 40 anos para a Boeing entregar sua 1.000ª aeronave para a China, em 2013. Mas apenas cinco anos mais tarde, a companhia entregou o 2000º avião para o mercado chinês, revelou.
O Centro de Acabamento e Entrega 737 da Boeing, em Zhoushan, Província de Zhejiang (leste), entregará sua primeira aeronave 737 em dezembro, marcando a primeira entrega de uma aeronave pela empresa no exterior.
"O projeto Boeing Zhoushan é o melhor exemplo da cooperação de ganhos recíprocos, trabalhando com os parceiros chineses, cultivando um sistema industrial de aviação e promovendo a capacidade dos fornecedores", avaliou.
A China viu um crescimento de dois dígitos em seu mercado de aviação civil. Em 2017, sua indústria de aviação civil registrou 552 milhões de viagens de passageiros, aumento anual de 13%.
"O poder aprimorado tanto em manufatura de aviação como em aviação civil criou grandes oportunidades para a indústria de aviação mundial", disse Xu Jun, vice-presidente de OEM na Ásia-Pacífico da Honeywell Aerospace.
A Honeywell fornece quatro importantes sistemas e tem duas joint-ventures com parceiros chineses para apoiar a decolagem do C919, avião de passageiros de grande porte do país, que fez seu primeiro voo bem sucedido em maio de 2017.
"A Honeywell está comprometida a aprofundar nossa cooperação com os parceiros chineses. Esperamos desempenhar um papel no projeto conjunto sino-russo do CR929, um avião de passageiros de larga fuselagem", disse Xu.
BENEFÍCIO MÚTUO
"A cooperação nos torna mais fortes. Enquanto a China entra em uma nova época, a indústria de aviação mundial, particularmente as empresas líderes, devem trabalhar com a China para explorar um modo de cooperação que seja flexível, criativo e de ganhos recíprocos", disse Xu.
O mercado da Ásia-Pacífico também deverá manter crescimento, com a China como o principal ímpeto.
Segundo previsão da Associação Internacional de Transporte Aéreo, a China se tornará o maior mercado de aviação do mundo até meados da década de 2020.
"Uma maior abertura incentiva a Airbus a prosseguir com confiança em aprofundar a cooperação com a indústria de aviação chinesa", afirmou George Xu, CEO da Airbus China. "Apenas uma cooperação de ganhos recíprocos pode levar a um futuro promissor."
A China se tornou a maior região de mercado único da Airbus, respondendo por cerca de um quarto de suas entregas de aeronaves comerciais no mundo.
Em 2017, o valor da cooperação industrial entre a Airbus e seus parceiros chineses atingiu mais de US$ 640 milhões, e o número deve aumentar para US$ 1 bilhão até 2020.
Além da cooperação no mercado e no setor industrial, a Airbus está mirando o poder inovador da China. Ela estabeleceu o segundo centro de inovação mundial em Shenzhen, visando gerar e cultivar o poder inovador da China e do mundo.
"A Airbus vê a China como um parceiro estratégico de longo prazo e valioso. Valorizamos muito o mercado assim como seu grande potencial", assinalou George Xu.