Por Feng Xuejun e Zheng Bin, Diário do Povo
A EDP e a CTG são parceiros estratégicos de longo prazo, tendo construído conjuntamente a estação de energia eólica de Bairro. (Foto/Feng Xuejun)
LISBOA, 30 de nov (Diário do Povo Online) - A estação de energia eólica de Bairro, localizada a mais de 130km de Lisboa, capital portuguesa, foi co-construída pelas empresas Energias de Portugal (EDP) e China Three Gorges (CTG), com uma capacidade de geração energética anual de 65.000 MWh, via 11 moinhos de vento.
A EDP é um dos principais operadores energéticos da Europa, com receitas anuais que representam quase um décimo do PIB português. Perante a crise de dívida europeia, a EDP decidiu cooperar com a CTG enquanto parceiro estratégico de longo prazo, a fim de revitalizar as suas operações.
O ex-ministro da Economia de Portugal, Manuel Caldeira Cabral, afirmou em uma entrevista que, durante a crise de dívida europeia, as empresas chinesas apresentaram uma confiança firme nas perspetivas económicas de Portugal, tendo participado do desenvolvimento económico do país com ações práticas, provando que as empresas chinesas são parceiros cooperativos válidos no longo prazo.
Durante a cooperação entre a EDP e a CTG, ambas as partes levaram a cabo vários projetos cooperativos no setor energético em países lusófonos, e apoiaram a atualização dos sistemas de redes elétricas inteligentes em vários locais da China.
Atualmente, as condições de financiamento da EDP recuperaram gradualmente os níveis em vigor antes da crise. A notação de crédito internacional foi ajustada de volta ao nível de investimento e o preço das ações atingiu também o valor mais elevado em 10 anos. Os lucros líquidos da EDP atingiram 1,113 bilhão de euros, o nível mais alto desde o início da crise. A EDP fez também parte do primeiro lote de empresas do sul da Europa a emitir títulos de dívida através do seu próprio crédito e a restaurar a sua capacidade de financiamento.
O CEO da EDP, António Mexia, agradeceu à empresa chinesa por ter permitido manter a EDP em Portugal. Muitas das grandes empresas internacionais de energia, provenientes de países como Alemanha, França, Espanha e Brasil, apresentaram sua intenção de cooperar com a EDP durante o processo de venda de ações. A EDP expressou, contudo, a sua preocupação relativamente à possibilidade de que o comprador, devido a investimentos de curto prazo, separasse ou reestruturasse a empresa adquirida, ou saísse mesmo do mercado local. As empresas chinesas, segundo Mexia, apresentaram uma visão estratégica de longo prazo ao nível do investimento e da disposição geral dos seus recursos, premissas que vão de encontro ao modo de atuar da EDP.
De acordo com Wu Shengliang, diretor geral da divisão europeia da CTG, a EDP possui tecnologias avançadas e uma gestão sólida. Wu garantiu que a CTG não iria fragmentar a empresa original ou mudar os quadros de gestão, o que foi bem recebido pelo lado português.
Mexia salientou que a cooperação luso-chinesa tem uma complementaridade natural e que as perspetivas de cooperação são amplas. A confiança, segundo ele, é a base da cooperação de longo prazo entre empresas portuguesas e chinesas, sendo esta semelhante ao vinho, “quanto mais tempo passa, melhor se torna”.