BEIJING, 9 de out (Diário do Povo Online) - Durante o último ano, com a escalada da “fricção comercial” iniciada pelos EUA, as questões econômicas estão se tornando problemas políticos.
Várias ações dos EUA, tais como a suspensão de atribuição de vistos a cientistas chineses, investigações frequentes do FBI a acadêmicos chineses no país e o rumor de cancelamento completo da atribuição de vistos a estudantes chineses, suscitaram preocupações de um reaparecimento do Macarthismo no país.
O recente discurso proferido pelo vice-presidente Mike Pence confirmou essas preocupações e nós, enquanto jovens chineses que acompanham a situação doméstica e internacional, ficamos chocados perante as acusações infundadas e calúnias maliciosas veiculadas nessa alocução.
Gostaríamos de falar com o Sr. Pence sobre as relações sino-estadunidenses aos nossos olhos e sobre a história e a realidade, com base na visão e nos conhecimentos da nossa geração.
O Sr. Pence referiu diversos “eventos ocorridos” entre os dois países na perspectiva de Deus no seu discurso. Porém, infelizmente, tal trata-se de uma "memória seletiva", sendo que muitas das situações referidas não correspondem a fatos históricos, e, como tal, falham em fornecer às pessoas “revelações” acertadas.
O uso de fatos históricos é uma componente importante da arte retórica. Mas o uso arbitrário destes fatos, distorcidos e apresentados segundo uma posição moralista, consiste em um desrespeito à história e uma deturpação do que é certo ou errado.
De fato, o Sr. Pence analisa também o atual desenvolvimento da China a partir de uma perspectiva divina, assumindo superioridade na figura de “salvador”.
Como o Sr. Pence disse no seu discurso, “a China se tornou a segunda maior economia do mundo, com o seu PIB crescendo nove vezes nos últimos 17 anos”. Tudo isto foi, contudo, obtido através dos sacrifícios protagonizados por 287 milhões de trabalhadores migrantes, 20 milhões de empresários privados e milhões de famílias chinesas.
A reforma e abertura consiste em um grande processo do desenvolvimento e progresso comum da China e de todo o mundo. Além dos esforços do seu povo, os intercâmbios estreitos com as economias, culturas e povos do mundo também beneficiaram a prosperidade e desenvolvimento da China nas últimas décadas. Não nos esquecemos do apoio dos países desenvolvidos no início da reforma e abertura e da importância do investimento estrangeiro no país. Deste modo, estamos gratos ao mundo e esperamos poder contribuir para o crescimento de outros países com base no nosso próprio desenvolvimento.
Lamentamos constatar que hoje em dia, perante a globalização econômica, os Estados Unidos ainda mantenham o "duplo padrão" e persistam em conceitos anacrônicos.
O Sr. Pence culpa a China de repelir navios de guerra norte-americanos, mas não mencionou que esses navios navegaram a 12 milhas náuticas das ilhas Nansha da China. O Sr. Pence caluniou a China de "militarizar" o Mar do Sul da China, mas não mencionou que os Estados Unidos realizaram exercícios militares, enviaram um grande número de armas avançadas e construíram novas bases militares na região.
O Sr. Pence disse que a China está penetrando e controlando vários setores dos EUA, de Hollywood, universidades, think tanks e empresas, até o governo, tentando influenciar o país em áreas como economia, academia, opinião pública e política. Todavia, interferiu abertamente com assuntos internos da diplomacia chinesa e fez críticas indiscretas sobre a política chinesa de reforma e abertura e sobre as iniciativas “Made in China 2025” e “Um Cinturão, Uma Rota”.
As acusações de interferência da China nas eleições presidenciais dos EUA são completamente infundadas. O próprio secretário da segurança interna dos Estados Unidos, Kirstjen Nielsen, afirmou no dia 3 de outubro que até agora não há provas de que a China esteja tentando sabotar ou mudar o rumo das eleições dos EUA 2018. Talvez, os Estados Unidos devam refletir sobre como estão usando as redes sociais para criar turbulências no Oriente Médio, as quais originaram uma cadeia de revoluções.
Para alguns dos nossos amigos nos EUA, o mais preocupante é que os chineses estão sendo "demonizados". Vários políticos norte-americanos declararam em ocasiões públicas que "quase todos os estudantes que chegam a este país são espiões".
De acordo com o acadêmico britânico Martin Jacques, a China demonstrou grande paciência, dignidade e lucidez perante a retórica anti-China cada vez mais inflamatória e agressiva dos Estados Unidos. Se a China também tomar medidas confrontacionais como os EUA, as relações sino-norte-americanas estarão fadadas a um declínio em “queda livre”, o que terá sérias consequências para o mundo inteiro.
O filme norte-americano “Homem-Aranha” tem uma máxima - “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Como superpotência do mundo, os EUA devem assumir as responsabilidades correspondentes. Infelizmente, com o passar dos anos, as pessoas estão cada vez mais desapontadas com o país.
Os Estados Unidos abandonram o Acordo de Paris, UNESCO, Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas...O antigo “pioneiro do livre comércio” está se tornando uma base de protecionismo e estabeleceu limites para diversas atividades comerciais usando a segurança nacional como pretexto para suas ações.
Estamos satisfeitos por ver os EUA grandes de novo, mas esse resultado não deve estabelecido na base de ser o único superpoder nem da supressão de outros países.
Este ano assinala o 40º aniversário da publicação do Comunicado Conjunto da República Popular da China e dos Estados Unidos da América sobre o Estabelecimento de Relações Diplomáticas. Como geração jovem, acreditamos que, no papel dos dois maiores países do mundo, as saudáveis relações entre a China e os EUA representam uma aura positiva para ambos os países e para todo o mundo.