Português>>Opinião

Brics permitem “redesenhar novo modelo econômico capaz de garantir inovação e oportunidade de forma mútua”, diz presidente da Frente Parlamentar Brasil-China

Fonte: Diário do Povo Online    30.07.2018 10h13

Deputado Fausto Pinato, presidente da Frente Parlamentar Brasil-China

 

Desde 2009, o Brasil tem sido o maior parceiro comercial da China. Isso exigiu de nós uma organização e diálogo principalmente entre os parlamentos brasileiro e chinês. E de 2016 pra cá, temos sido um canal de interlocução dos interesses entre o Brasil e a China através da Frente que compõe mais de 280 parlamentares. A Frente Parlamentar trabalha para incentivar e desenvolver parcerias, a fim de facilitar investimentos em diversos segmentos. Como a assinatura de diversos acordos em áreas como tecnologia, infraestrutura, transporte, agricultura e mineração.

Todas as demandas levantadas pelos países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) são discutidas a longo prazo. O que trouxemos na bagagem de Xiamen tem sido a integração econômica de países em desenvolvimento. Ou seja, o Brics nos serviu para redesenhar um novo modelo econômico capaz de garantir inovação e oportunidade de forma mútua.

Já é a 3ª missão oficial que participo na China. Em novembro do ano passado, participei da programação da China-Latin America and the Caribbean International Exposition, em Zhuhai. Em agosto do mesmo ano, fui à 9ª Cúpula do BRICS, bloco formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. E a primeira vez ocorreu em março em 2016, durante no lançamento da Frente Parlamentar Brasil-China, em Dongguan.

O Brics tem como fator determinante a troca de experiências entre as coisas que deram certo. A China já tem uma história sólida de cooperação e o Brics tem coroado para o resto do mundo essa relação.

Eu sempre digo que os brasileiros têm muito a aprender com a China. As estruturas das cidades da China planejadas para o futuro nos convencem bem da energia gasta pelos chineses em tornar as coisas funcionais. E essa energia teve como fonte, nos últimos anos, a visão estratégica do presidente Xi.

O presidente Xi Jinping conseguiu resgatar o conceito de nação da China, com mais respeito ao cidadão, com políticas eficientes de combate a corrupção e com o resgate da confiança do povo chinês.

A ideia de reunir os países emergentes, é, como disse, exatamente essa: o de garantir a troca de experiência.

Não há dúvidas de que o futuro do Brasil dependerá em grande parte da Ásia, e dos Países do BRICS. A experiência dos últimos 10 anos nos mostra que precisamos exportar mais, precisamos dar mais condições de aumento do capital internacional. E, acima de tudo, de utilizar essa estratégia para ampliar a geração de emprego e renda no nosso país.

Na primeira reunião dos Brics que participei, no ano passado, o ponto alto do encontro foi a defesa da maior flexibilização das barreiras econômicas. Um ponto muito importante. Precisamos flexibilizar as barreiras que impendem a entrada de chineses no Brasil, fortalecer o turismo da China ao Brasil.

Só para ter uma ideia, em 2016, mais de 130 milhões de chineses viajaram pelo mundo. Desses, apenas 50 mil escolheram o Brasil como destino. Isso se explica, em parte, pelo excesso de burocracia que impede o povo chinês de visitar o Brasil, de investir aqui. Eu sempre digo que a burocracia emperra o desenvolvimento. Por isso, simplificar é garantir confiança, crescimento e governança.

Sou contra toda a forma de protecionismo econômico. Sabemos que as nações que aplicam essa política estão atrasadas em relação aos países em desenvolvimento. O Brasil mantem sua posição de discutir e ampliar suas reservas para o capital estrangeiro, desde que os ganhos sejam mútuos.

Não há como falar de intercâmbio econômico sem considerar o intercâmbio cultural. Ainda é tímida no Brasil a ideia de fortalecer uma política de intercâmbio com a china. Sobretudo porque tanto um quanto o outro esbarram na burocracia para efetivar projetos culturais. A Frente Parlamentar trabalha para dialogar com o governo brasileiro no sentido de facilitar o processo de entrada da comunidade chinesa no Brasil.

A cúpula do BRICS, à medida que consegue planejar a longo prazo suas ações vendo, portanto, que há nesses países a possibilidade de cooperação econômica, é importante considerá-los como um agente auxiliar no processo de globalização dos mercados dos Brics.

 

0 comentários

  • Usuário:
  • Comentar: