Beijing, 9 jul (Xinhua) -- A China está acelerando seu cronograma para formação de uma estação espacial e a cápsula central deve ser lançada em 2020, anunciou Yang Liwei, diretor do Escritório de Engenharia Espacial Tripulada da China e primeiro astronauta do país.
Yang disse recentemente à mídia chinesa que dois módulos de experimento da estação espacial serão enviados ao espaço em 2021 e 2022. Três ou quatro missões tripuladas e diversos cargueiros espaciais estão planejados para 2021 e 2022.
Depois da construção das principais partes da estação, uma cápsula com um grande telescópio ótico será mandada para a mesma órbita para voar ao lado da estação, continuou Yang.
Durante a construção da estação, o número de missões espaciais tripuladas aumentará para cerca de cinco por ano, comparado com uma vez a cada dois ou três anos quando o país começou a enviar astronautas ao espaço há mais de uma década. O recrutamento de astronautas também aumentará.
Nascido em 1965 no distrito de Suizhong, cidade de Huludao, Província de Liaoning (nordeste), Yang é general de divisão. Ele se tornou o primeiro astronauta da China quando entrou no espaço a bordo da nave Shenzhou-5 em 15 de outubro de 2003.
"Todos os segundos daquele dia foram totalmente novos para mim. Nada pode substituir a memória atordoante", lembrou.
A China fez nos anos 1970 um plano de voo espacial tripulado de codinome "Projeto Amanhecer", mas não possuía as condições econômicas e tecnológicas para implementá-lo.
Em 1986, o Conselho de Estado incluiu a tecnologia espacial em um plano de desenvolvimento de alta tecnologia. Em 1992, o país lançou seu programa de voo espacial tripulado. O sucesso da Shenzhou-5 tornou a China o terceiro país do mundo a dominar a tecnologia de viagem espacial tripulada por conta própria.
A China desenvolveu tecnologias de transporte espacial com as naves Shenzhou-5 e Shenzhou-6, e de caminhada espacial extra-veicular com a Shenzhou-7.
As missões Shenzhou-8 e Shenzhou-9 ajudaram o país a dominar as tecnologias de encontro e acoplamento autônomos e tripulados. As tecnologias de voo espacial tripulado amadureceram desde a missão Shenzhou-10. Da Shenzhou-5 à Shenzhou-11, o país enviou 11 astronautas ao espaço.
Yang disse que ele só podia comer alimentos preparados, como bolo da lua, quando estava a bordo da Shenzhou-5. Mas quando a Shenzhou-11 transportou Jing Haipeng e Chen Dong para o primeiro laboratório espacial chinês Tiangong-2 em 2016, os dois astronautas escolheram mais de 100 tipos de alimentos para sua estada de um mês.
Yang comparou a Shenzhou-5 a um trator e a Shenzhou-11 a uma limusine.
"Quando a Shenzhou-5 estava orbitando a Terra em 2003, eu só podia me comunicar com a equipe de controle terrestre 15% do tempo. Quando Jing e Chen estavam no espaço em 2016, podiam fazê-lo durante 85% do tempo do voo. Eles podiam assistir a programas de notícias, usar celulares, enviar mensagens para a Terra e navegar na internet", disse Yang.
A China se tornou uma potência no espaço, mas ainda fica atrás das principais potências, comentou Yang.
A reforma e a abertura nas últimas quatro décadas emanciparam a mentalidade, promovendo o crescimento econômico e aumentando a força nacional integral. Os últimos 20 anos testemunharam o rápido desenvolvimento de sua indústria espacial, segundo Yang.
A exploração do desconhecido é o ímpeto do avanço humano. Muitas tecnologias foram desenvolvidas primeiro durante a exploração espacial e mais tarde usadas para beneficiar as pessoas comuns, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética para uso médico, assinalou.
"Estou esperando mais recursos para o desenvolvimento da indústria espacial. A estação espacial da China será uma plataforma para experimentos da ciência espacial mais avançados para servir o desenvolvimento sócio-econômico na Terra", finalizou.