Envergando um vestido preto e um véu, Hanan Azmi dirigiu o seu Cadillac preto pela primeira vez ao longo da rua Tahalia, na capital da Arábia Saudita, Riade.

Esta foi a primeira vez que as mulheres sauditas foram legalmente autorizadas a dirigir no reino austero.

Justamente quando o relógio badalou a meia noite, várias mulheres nas cidades costeiras de Jeddah e Khobar mal podiam esperar para se lançarem à estrada.

As mulheres assinalaram a data histórica, ao volante de carros de diversas marcas, acompanhadas por suas famílias e pelo glamour das câmaras.

As autoridades do trânsito renovaram as mensagens nos painéis eletrônicos para passarem a incluir as mulheres: “irmãs condutoras e irmãos condutores: o Departamento Geral do Trânsito deseja-vos uma viagem segura”.

Apesar das várias mulheres sem experiência nas estradas, o tráfego permaneceu sem incidentes, de acordo com um comunicado das autoridades rodoviárias do país.

A decisão de permitir as mulheres dirigir foi apoiada em todo o país.

O príncipe Al-waleed bin Talal, famoso homem de negócios e membro da família real saudita, descreveu o passo como uma das maiores decisões na história do país em um vídeo postado nas redes sociais.

No vídeo, a filha do bilionário, a princesa Reem Bint Al Waleed pode ser vista a dirigir um automóvel. “É a primeira vez que posso dirigir nas estradas da Arábia Saudita”, disse a princesa à filha durante o vídeo.

Algumas empresas, como forma de demonstrar o seu apoio à condução feminina, abriram locais de estacionamento especificamente para mulheres.

As famílias sauditas contratam 1.38 milhões de motoristas estrangeiros anualmente, com um custo de 25 bilhões de riales, de acordo com as autoridades de estatística do país.

“Autorizar as mulheres a dirigir irá promover a igualdade de gênero e a justiça social, bem como encorajar as mulheres a serem mais independentes”, disse Mohammed al-Kahtani, professor de política da Universidade King Saud, acrescentando que tal irá aumentar a empregabilidade e o desenvolvimento econômico no longo prazo.

A taxa de desemprego feminina da Arábia Saudita atingiu os 33%, sendo que a maior delas carece de modos de transporte apropriados, segundo a imprensa saudita.

Com o fim da proibição das mulheres dirigirem, um grande número de oportunidades de trabalho foi criado no país, incluindo mulheres policiais e vendedoras em empresas do ramo automóvel.

Careem, o maior serviço de alugel online de automóveis, anunciou também o recrutamento de 100,000 mulheres.

Desde então, escolas de condução em todo o país passaram a registrar picos na adesão feminina, sendo que algumas não conseguem sequer dar resposta.

Até à data as mulheres eram proibidas de dirigir por motivos religiosos, sendo considerado que tal poderia resultar num elevado número de problemas sociais, tais como assédio sexual e interação pública entre homens e mulheres, um comportamento considerado não ético e imoral no país conservador.

O príncipe saudita, Mohammed Bin Salman, desde que fora eleito pelo pai, o Rei Salman, deu início a uma reforma ambiciosa no plano social, econômico e religioso.

A reforma foi bem recebida pela vasta maioria da população, devido ao seu enfoque nos direitos das mulheres, como permitir que estas dirijam automóveis e assistam a jogos de futebol nos estádios, etc.