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Macron e Trump, uma reunião de dissonância diplomática

Fonte: Xinhua    24.04.2018 13h38

Paris, 24 abr (Xinhua) -- O presidente da França, Emmanuel Macron, prepara-se para uma viagem transatlântica de três dias a partir de segunda-feira, a convite do presidente americano, Donald Trump, em meio a uma complicada situação internacional.

Desde que os dois líderes assumiram o cargo em 2017, Paris e Washington compartilham preocupações sobre a luta contra o terrorismo e o apoio ao G5 Sahel, um bloco de segurança regional africano formado por Chade, Mali, Mauritânia, Burkina Faso e Níger.

A visita de Trump à França em 14 de julho do ano passado, que coincidiu com a parada anual do Dia da Bastilha, contribuiu para a troca de amenidades entre os dois países.

No entanto, uma série de divergências sobre assuntos internacionais e econômicos persistem, embora Macron procure personalizar o relacionamento franco-americano com pragmatismo.

Em relação a questões internacionais, Trump ameaçou denunciar o Irã sobre o acordo nuclear de 2015, chamando o acordo de "um dos piores acordos que já vi". Washington deu aos signatários europeus - França, Alemanha e Reino Unido - um prazo final até 12 de maio para "consertar as terríveis falhas" do acordo.

Além disso, o Acordo Climático de Paris, julgado como "ruim" pelo líder americano, e a mudança da embaixada americana em Israel para Jerusalém são alguns dos temas espinhosos, entre outros.

Na frente comercial, as ameaças quase veladas de uma guerra econômica pela administração Trump, tornam estruturalmente desequilibradas as relações franco-americanas.

Macron subiu o tom contra Trump no final de março, após a decisão de Washington de impor novas tarifas de importação de aço e alumínio. "Falamos sobre tudo, por princípio, com um país amigo que respeita as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio). Não falamos de nada, por princípio, enquanto tivermos uma pistola em nossas têmporas", disse ele.

Trump deu à União Europeia e outros seis países até 1º de maio para negociar isenções permanentes das tarifas de 25 % sobre o aço e 10 % sobre o alumínio, que Washington decidiu colocar em prática para acabar com "agressões" comerciais.

Analistas disseram que é improvável que a postura firme de Washington seja suavizada em relação ao comércio e outros assuntos, com a proximidade das eleições dos Estados Unidos em novembro.

"A aposta na compreensão por Paris parece ter se tornado mais perigosa, ainda mais porque o endurecimento por parte da equipe de relações exteriores americana deve ser temida a longo prazo", disse Laurence Nardon, pesquisador sênior do Instituto Francês de Relações Internacionais em Paris.

Com relação à decisão do governo Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel em dezembro passado, Macron criticou a mudança como uma "ameaça à paz", quando recebeu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, após o reconhecimento dos EUA provocar comoção na região. Mais tarde, em dezembro, Macron, ao lado do presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse, em Paris, que os Estados Unidos "se marginalizaram" dessa maneira.

Além disso, Paris e Washington mantêm opiniões divergentes sobre o papel da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

A administração Trump está pressionando os aliados europeus para que atinjam a meta da OTAN de gastar 2% de sua produção econômica em defesa, sugerindo que os Estados Unidos podem deixar de defender países que não o fizerem. Sob pressão norte-americana, os membros europeus da OTAN devem investir mais dinheiro nas forças armadas; só a França aumentou em mais de 2 bilhões de dólares o orçamento de defesa de 2018.

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