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Unilateralismo e guerras comerciais prejudicam toda a gente, diz vice-primeiro-ministro

Fonte: Diário do Povo Online    26.03.2018 11h22

“O unilateralismo e as guerras comerciais prejudicam todos, não beneficiam ninguém, despoletam conflitos mais graves e têm um impacto negativo”, disse Han Zheng, vice-primeiro-ministro chinês, no domingo, durante o Fórum de Desenvolvimento da China, em Beijing, numa altura que as duas maiores economias do globo se vêm envolvidas em uma crescente disputa comercial.

“A readoção do protecionismo comercial não leva a lugar algum”, disse Han, durante um discurso na cerimônia de abertura do fórum, na presença de oficiais governamentais, líderes de negócios e economistas de prestígio.

As suas declarações reafirmaram a postura chinesa contra uma guerra comercial com os EUA, embora Donald Trump tenha vindo a demonstrar interesse em lançar um conflito comercial pessoal contra a China.

Na sexta-feira de manhã (hora de Beijing), a administração Trump anunciou planos para atingir a China com até 60 bilhões de dólares por ano em novas tarifas às importações chinesas.

Durante uma conversa telefônica com o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, no sábado de manhã, o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, exortou a que fossem feitos esforços conjuntos no sentido de manter a estabilidade dos laços comerciais sino-americanos.

Mnuchin informou o lado chinês sobre os últimos desenvolvimentos do relatório de investigação da Secção 301, emitido pelos EUA. Liu analisou que o relatório viola as regras do comércio global e põe em causa os interesses da China, dos EUA e de todo o mundo.

A China, segundo Liu, tem a capacidade e está pronta para assegurar os seus interesses nacionais, e espera que ambas as partes se mantenham racionais e trabalhem juntas em prol da estabilidade geral das suas relações econômicas e comerciais.

Ambas as partes concordaram em manter o contacto em torno da questão.

Uma guerra comercial que contrarie a tendência de globalização foi também mal recebida por executivos de negócios e pelos economistas.

Durante o seu discurso no sábado, o vice-presidente do fórum deste ano, Tim Cook, CEO da Apple, defendeu o livre comércio.

“Países que abracem a abertura, o comércio, a diversidade são os países com um desempenho excecional”, disse Cook, urgindo a que o comércio sino-americano fosse gerido de forma ponderada.

Existe ainda a esperança de que as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo possam ser reduzidas, segundo os observadores de mercado.

“A China é ótima a arranjar consensos, e penso que será possível evitar uma guerra comercial”, disse Frank-Jürgen Richter, um participante do fórum.

Proteção dos direitos de propriedade intelectual na China

Durante uma sessão do fórum, no domingo à tarde, o vice ministro do Comércio, Wang Shouwen, disse que os esforços levados a cabo pelo governo chinês têm surtido efeitos que beneficiam os detentores de propriedade intelectual (PI) estrangeiros.

O país canalizou 28.6 bilhões de dólares em pagamentos para detentores de PI estrangeiros em 2017, de acordo com Wang, que acrescentou que o sistema atual ainda não é perfeito, sendo que deverá ser sujeito a mais melhoramentos no futuro.

Wang expressou o seu desejo de que “a China e os EUA possam sentar-se e tentar resolver suas disputas no enquadramento da OMC”.

A ausência de um consenso, não significa, contudo, que a China permaneça passiva.

“A China não irá ceder a pressões americanas”, disse Richter. Beijing deve tentar “tornar a pressão numa força positiva. A China é um garante de um sistema internacional baseado em regras, e deve demonstrar aos EUA que está jogando de acordo com estas”, acrescentou.

Em resposta às tarifas apresentadas por Trump, o Ministério do Comércio anunciou na sexta-feira uma lista avaliada em 3 bilhões de dólares, das frutas à carne de porco, ao alumínio reciclado, que poderão ser sujeitos a tarifas mais altas.

Wei Jianguo, ex-vice-ministro do comércio anunciou no sábado que a China está também investigando produtos adicionais dos EUA que poderão ser sujeitos a taxação, incluindo aeronaves e microchips.

“Beijing irá, provavelmente, impor tarifas a grãos de soja a estados agrícolas que votaram a favor de Donald Trump”, disseram alguns economistas.

“Outras medidas de retaliação de Beijing poderão incluir a proibição de importações de produtos geneticamente modificados dos EUA, e o atraso em acordos de investimento assinados por Trump durante a sua última visita à China. Enfraquecer o yuan é também uma opção em cima da mesa”. 

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