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Críticas políticas são destaque no carnaval brasileiro

Fonte: Xinhua    13.02.2018 15h40

Rio de Janeiro, 13 fev (Xinhua) -- O carnaval brasileiro sempre aproveita a festa para criticar situações sociais e políticas, mas a edição de 2018 está se destacando como a mais politizada na história do país, um reflexo da conturbada situação política e econômica vivida pelo país sul-americano.

Além dos blocos que saíram às ruas de várias cidades com foliões portando cartazes ou até falsas tatuagens com o lema "Fora Temer" e outros com manifestações de apoio ao ex-presidente Lula, condenado por supostos atos de corrupção mas que lidera todas as pesquisas eleitorais, os protestos, desta vez, chegaram ao desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, principal vitrine do carnaval.

A 4ª Escola a desfilar na madrugada da segunda-feira no Sambódromo da Marques de Sapucaí, lotado por cerca de 72 mil pessoas, a modesta agremiação Paraíso do Tuiuti roubou a cena com o enredo "Meu Deus, Meus Deus, está extinta a escravidão?", que até à noite desta segunda-feira tinha recebido 92% dos votos em uma pesquisa feita pelo portal UOL como a melhor escola do primeiro dia de desfiles.

Além disso, a Paraíso do Tuiuti ocupou o primeiro lugar dos tópicos mais comentados no Twitter em todo o Brasil e sua apresentação foi o vídeo mais visto no canal do You Tube, com destaque para o último carro alegórico em que um vampiro representava o presidente Temer.

O enredo lembrou os 130 anos da abolição da escravidão no Brasil e mostrou que a precarização do trabalho no país continua atual, em uma crítica à recente reforma da lei trabalhista aprovada pelo Congresso, na qual um grupo fantasiado de operários tentava usar uma carteira de trabalho como escudo para se proteger da 'exploração patronal'.

A escola também destacou o momento político do país com críticas aos 'manifestantes fantoches" uma alusão às pessoas que foram as ruas vestidas de verde-amarelo ou bateram panelas para apoiar o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

As críticas políticas também foram parte do enredo da tradicional Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira, "Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco", criado em resposta ao prefeito do Rio de Janeiro, o bispo licenciado da evangélica Igreja Universal do Reino de Deus, Marcelo Crivella, que cortou pela metade as verbas destinadas às Escolas.

"Pecado é não se divertir no Carnaval", dizia o samba cantado no desfile, que também incluiu uma representação da célebre estátua do Cristo Redentor com um cartaz dizendo que "o prefeito não sabe o que faz" e um carro alegórico em que a figura de Crivella, transformado em um boneco de Judas, que se costuma malhar nos festejos da Páscoa.

As demais escolas apresentaram enredos sem conotação política. A primeira agremiação a desfilar,Império Serrano, que voltou ao grupo especial depois de oito anos de ausência, teve como tema "A Rota da China", no qual mostra sua cultura milenar e seu papel atual como uma das nações líderes do século 21.

O desfile mostrou imagens chinesas como os dragões imperiais, a Grande Muralha, pandas, a flor de Lótus, além de doutrinas chinesas como o confucionismo, o taoismo e o budismo e o comércio, representado por produtos "made in China".

O resultado do desfile será conhecido na quarta-feira, com a divulgação das notas dos jurados que acompanharam todos os desfiles e, como acontece todos os anos, haverá muitas reclamações dos perdedores. As seis primeiras escolas voltarão ao Sambódromo no próximo sábado, no Desfile das Campeãs.

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