BEIJING, 4 de dez (Diário do Povo Online) – A China e o Canadá podem iniciar negociações para um acordo de livre comércio durante a visita do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau à China, embora haja ainda muito a fazer antes de as duas partes atingirem consensos, segundo declarações de especialistas ao Global Times no domingo (3).
Trudeau chegou no mesmo dia na China para a sua segunda visita ao país, que durará até quinta-feira.
A imprensa estrangeira considerou a visita como uma boa oportunidade para os dois países iniciarem negociações em torno do livre comércio. O portal de notícias cbcnews, avançou no sábado que se avizinha um período “frutífero” para dar início a negociações formais entre ambos os países.
De acordo com Bai Ming, pesquisador na Academia Chinesa de Cooperação Internacional Comercial e Econômica, a promoção das negociações do Acordo de Livre Comércio beneficiará ambas as partes. “A China depende de várias importações do Canadá, tais como madeira, frutos do mar e minerais. Por outro lado, o Canadá precisa também do mercado e do capital chinês”, disse Bai.
O comércio entre a China e o Canadá aumentou 14,2% anualmente para 42,4 bilhões de dólares nos primeiros 10 meses deste ano, segundo dados alfandegários publicados no dia 8 de novembro. Atualmente, a China é o segundo maior parceiro comercial do Canadá.
Bai indicou ainda que o Canadá se distanciou dos EUA devido à retirada da administração de Trump da Parceria Transpacífica no início deste ano e da sua posição intransigente no Tratado de Livre Comércio da América do Norte. Tal situação, refere, motivara o Canadá a buscar laços mais estreitos com a China.
Além do comércio, a visita de Trudeau deverá também estar na base de um conjunto de acordos comerciais entre empresas canadenses e chinesas nas áreas da tecnologia limpa e do turismo, de acordo com a imprensa estrangeira.
No entanto, Bai afirmou que a China não deve ser tão otimista sobre os resultados das negociações do Acordo do Livre Comércio durante a visita de Trudeau. “Os dois países estão agora estudando a viabilidade do Acordo de Livre Comércio, mas há uma grande distância até à implementação real”, disse Bai, acrescentando que deverão haver rodadas de negociações antes do estabelecimento da cooperação.
Reportagens da imprensa estrangeira indicam também que o governo canadense tem ainda algumas ressalvas sobre a assinatura de um acordo de livre comércio com a China.
O Wall Street Journal citou um porta-voz do ministro canadense do Comércio, dizendo que "estão estudando a complexidade do desafio, a escala das oportunidades de criação de empregos e as realidades apresentadas por esse mercado único [China]".