Especialista brasileiro acredita no contributo da China no âmbito do BRICS

Fonte: Diário do Povo Online    29.08.2017 15h33

Por Paulo Wrobel

O mecanismo do BRICS totaliza já 10 anos de existência, durante os quais o bloco, composto por cinco países emergentes, está amadurecendo e oferece uma solução mais prática para as questões políticas e econômicas do mundo.

Após o progressivo desenvolvimento assinalado ao longo dos anos, a cooperação do BRICS superou já as dimensões inicialmente estabelecidas para as áreas econômica e comercial. Os cinco países membros aprofundaram o reconhecimento mútuo e garantiram relações de complementaridade, com base na obtenção de benefícios recíprocos, o qual não só se reflete ao nível governamental, mas também na esfera social; não apenas nos domínios político e econômico, mas também nas trocas culturais, entre outros.

A título de exemplo, o bloco é responsável pela criação de dois mecanismos de cooperação multilateral no ensino superior - a Liga das Universidades dos BRICS e a Universidade em Rede dos BRICS, ambas favoráveis à realização de pesquisas conjuntas e à formação de talentos, oferecem uma nova plataforma de lançamento do diálogo multilateral e da cooperação entre todos os membros.

Durante os últimos 10 anos, o peso dos cinco membros na economia mundial aumentou de 12% para 23%. Atualmente, o seu contributo para o crescimento da economia global é de mais de 50%. A escala do crescimento da economia chinesa veio acarretar uma influência significativa para outros membros do BRICS em áreas como o comércio e o investimento.

A China rege-se pelo pragmatismo e sensatez nos assuntos internacionais, construindo “pontes” entre países, ao invés de erigir “muros”.

O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), criado pelos BRICS, é também uma iniciativa inovadora. O NBD concretizou uma inovação institucional, através da atribuição de direitos equitativos de votação e desenvolvimento. Como instrumento importante na reforma da governança global, o NBD pode ajudar a quebrar as limitações dos mecanismos monetários e financeiros do Ocidente.

Enquanto instituição representativa, simultaneamente, dos países emergentes e em desenvolvimento, desde a primeira cúpula, o BRICS tem vindo a apoiar a multipolarização mundial e a democratização das relações internacionais. A ambição conjuta do grupo é que a cúpula de Xiamen atribua mais voz a estes países, tendencialmente relegados para segundo plano na governança global.

O alargamento do BRICS proposto pela China, demonstra a inclusão e abertura do bloco. Num cenário mundial crescentemente adepto do protecionismo, o “BRICS Plus” pode representar um novo modelo da integração econômica global, oferecendo uma plataforma de inclusividade.

Além disso, os BRICS poderão também servir de charneira entre os países ricos e subdesenvolvidos.

O mundo de hoje enfrenta vários desafios e incertezas, os quais, em certo grau, conferem credibilidade à presença do BRICS na governança global, atribuindo ao mecanismo a possibilidade de operar de forma mais abrangente.

Espero que a cúpula de Xiamen possa dar início à segunda “década de ouro” da cooperação do BRICS, e acredito que a China possa vir a desempenhar a cada dia um papel mais importante no bloco.

(O autor é o pesquisador do BRICS Policy Center e professor do PUC-Rio)

Fonte: Diário do Povo (traduzido da versão em mandarim) 

(Web editor: Renato Lu, editor)

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