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Documentário japonês aborda guerra química contra a China na Segunda Guerra Mundial

Fonte: Diário do Povo Online    18.08.2017 09h48

TÓQUIO, 18 de ago (Diário do Povo Online) - Um documentário exibido pela Tokyo Broadcasting System Television (TBS) no dia da rendição do Japão, terça-feira (15), chocou os espetadores japoneses com a revelação de uma fábrica na ilha Okunoshima que produzia secretamente um gás venenoso responsável pela morte de 80 mil soldados e civis chineses.

Um soldado japonês, Yasuma Fujimoto, contou a sua experiência como soldado do Exército Imperial Japonês, enquanto responsável pelo fabrico de milhares de toneladas de gás venenoso na referida ilha.

“Produzimos o gás para a incursão japonesa na China”, revelou.

“Somos criminosos. O fato de termos assassinado tantos soldados chineses não deve ser apagado, esquecido e celebrado como heroísmo”, acrescentou.

 

Imagens do documentário mostram Yasuma Fujimoto.

 

Okunoshima é uma pequena ilha situada no Mar Interior de Seto, conhecida hoje como Ilha dos Coelhos, por ser o habitat de centenas de coelhos selvagens.

Fujimoto afirmou que a ilha tinha no passado contornos amarelos, em vez da paisagem verdejante atual, pois o ácido do gás venenoso matava as plantas. Os coelhos foram levados para a ilha em 1929 e usados para testar a eficácia do gás, segundo o The Guardian.

 

Foto antiga da fábrica de produção do gás.

 

Mais de 3700 soldados japoneses morreram durante o processo de produção do gás. O veneno, que incluía gás mostarda e fosgênio, levou a que Fujimoto desenvolvesse bronquite crônica e câncer de estômago, resultando em que tivesse que tomar uma grande quantidade de medicamentos diariamente para sobreviver.

“Não posso morrer antes de revelar todos os fatos encobertos pelo governo japonês”, disse.

Segundo Fujimoto, o Japão tentou encobrir a história, já que a comunidade internacional proibiu o gás venenoso. O governo costumava excluir a ilha dos mapas e exigia que os ônibus baixassem as cortinas ao passarem pela ilha. Os cidadãos da ilha foram também obrigados a assinar acordos de confidencialidade.

 

A Ilha Okunoshima existe no mapa original do Japão.

Okunoshima desaparece do mapa depois de 1938.

 

Li Qingxiang, de 88 anos, foi entrevistado sobre as atrocidades do Japão, revelando detalhes sobre um ataque de gás japonês em uma passagem subterrânea na vila Beituan, na província de Hebei. Li perdeu a sua irmã mais nova no ataque há 70 anos.

A famosa atriz Haruka Ayase apresentou o documentário. Muitos dos seus fãs não gostaram do seu envolvimento em um programa de televisão cujo objetivo era revelar as atrocidades cometidas pelo Japão, mas, em sua defesa, Ayase escreveu nas redes sociais que Fujimoto quer relembrar a todos os horrores da guerra e quão preciosa é a paz.

"Espero que mais pessoas possam ouvir a história de Fujimoto", reforçou. 

 

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